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1/17/2022

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A Caixa do Pó de Arroz

 
por Joana Rodrigues
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Durante a minha infância, a minha avó tinha um pequeno espelho que, na verdade, era uma caixa de Pó de Arroz vazia. Aquela pequena caixa que a minha avó guardava religiosamente sempre foi, para mim, objecto de muita curiosidade. Porque guardaria ela, uma caixinha vazia, só porque tinha um espelho?
Numa tarde, perguntei-lhe: «Avó, porque guardas com tanto cuidado essa caixa vazia?»
Ela respondeu prontamente: «Esta caixa vazia, como tu lhe chamas, tem muito significado para mim. Foi a primeira prenda que o avô me deu e, embora já não tenha Pó de Arroz tem o espelho, onde eu me aperaltava para receber o avô nos dias de namoro. Quando eu via neste espelho que alguma coisa em mim não estava bem, tratava de arranjar melhor o cabelo, colocar mais um pouco de Pó de Arroz, sempre com o único intuito de o avô continuar a achar-me bonita! E foi assim, sempre! Portanto, ficas a saber que este espelho, para mim, representa o verdadeiro Amor que tivemos um pelo outro, desde o dia em que nos conhecemos.»
Eu não esperava por aquela confissão. Ouvi e fiquei calada a pensar que quando crescesse também queria ter um Amor assim.
A partir daquele dia, comecei a ver aquela caixinha vazia, como eu lhe costumava chamar, com outros olhos e, até, com admiração. E desejava ardentemente que a minha avó um dia me desse aquele espelho tão especial, para eu poder fazer com ele o que ela fez durante todos aqueles anos, desde que conheceu o meu avô. Observava-a a ver-se ao espelho e agora conseguia perceber que eles tinham uma espécie de diálogo que deixava os olhos da minha avó mais brilhantes. No fim de dar os últimos retoques, ela olhava para mim e sorria.
Alguns anos mais tarde, a minha avó agarrou-me as mãos, colocou-me lá aquele bem precioso que ela tinha: a caixa de Pó de Arroz com o seu espelho especial, e disse a sorrir «sempre tiveste tanta curiosidade e admiração por esta caixinha que quero que seja tua e espero sinceramente que, um dia, consigas sentir o mesmo que eu sempre sentia quando me via a esse espelho.»
Desde aí, aquele espelho passou a ser um bem muito precioso para mim também. Sempre que me via nele, lembrava-me a linda relação que tinha com a minha avó.
Hoje, passados tantos anos, ainda o guardo religiosamente!
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