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4/19/2022

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A Persistência da Memória

 
por Carina Alexandra Oliveira
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Ao fundo vejo o mar, perante o cenário é nele que me foco. Quero tão somente alcançá-lo.
Quero fazer esta travessia no deserto. Preciso de a fazer. Despir-me de mim, ver mais além do que tenho diante dos olhos. Desconstruir o cenário que os meus olhos vêem. Quero alcançar o que está para lá dos pequenos detalhes. Sem tempo contado. Só vejo morte e sinto solidão. Os ponteiros dos relógios desactivados jazem inertes. As formigas cambaleiam por todo o lado. Sem sustento para si e para os seus. A mosca no relógio faz uma pausa no seu voo. O cheiro a terra seca invade o espaço. A árvore não produz mais oxigénio para me alimentar os pulmões, por isso tenho de chegar ao mar. Perdeu todas as folhas, e os galhos secos apenas suportam o peso do tempo que deixou de contar. Até quando aguentará antes de quebrar?!
O mar traz-me sempre um novo respirar. Uma nova perspectiva. Um novo sopro. É a minha esperança de sobrevivência. A água, para onde me atiro, leva aquilo que não quero mais lembrar. Renova-me as ideias e as células de um corpo cansado de aridez. A pele não mais ficará seca. Ficará húmida e com cheiro a sal. Cheiro esse que me dará o impulso de que tanto preciso para continuar. Permite-me, ainda, por alguns instantes, respirar fundo. Ainda que o tempo não avance mais. Inconscientemente penso se a morte me vai alcançar. Mas eu quero viver e lutarei contra a minha consciência muda. Trocarei os meus pensamentos, mesmo quando tudo estiver de pernas para o ar. Especialmente nessa altura.
Choro. Ver a natureza morta entristece-me. Tira-me a motivação e a força de que preciso. Mas já cheguei ao mar. Consegui atravessar o deserto em busca de vida. Da minha vida. Que quase ficou refém da memória das coisas que observava. O pato que acabou por morrer enquanto dormia. Será que é um pato?! Será que está morto?! Na minha memória guardo a imagem de que o era. Mas não tenho a certeza. Cada vez tenho menos certezas e mais perguntas.
Contemplo o céu. As cores maravilhosas que se misturam em tonalidades veraneantes. Sinto esperança. Esperança de que esta paisagem torne a ganhar vida. Os ponteiros voltem a rodar, o pato irá acordar do seu sono temperador, as formigas carregarão a sua comida para as suas casas, pensando no Inverno que há-de vir. E a mosca voará para longe, batendo as suas asas cada vez mais fortes. Juntos conseguiremos! Alcançar aquilo que fizer sentido para cada um de nós. Em paz e com um sorriso no rosto!
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