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11/10/2021

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Anjos

 
por Sílvia Vidal
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Abri a porta daquela casa vazia e pequena.
No espelho da casa de banho, olhei as rugas que me sulcavam a testa no desespero dos dias com cheiro de nada.
Nos meus olhos marcados de pés de galinha, desfilava a procissão do sempre quase, cheio de quase nada. Eu Laura, estava falida, sem emprego, sem amor e sem rumo. No chão sob os meus pés, a carta displicentemente atirada para o chão que me indicava a data do meu despejo.
Abri o roupeiro e pus as escassas roupas que tinha na mochila e rasguei outras tantas.
Senti que tinha vivido quase sempre uma vida que não era a minha, quase sempre sozinha, como quase sempre estivera. O quase nunca tinha largado a viragem que podia ter sido a minha vida. Quedei-me quase sempre na mediocridade do quase tudo, para me habituar sempre ao quase nada….
Com um feixe de nervos a dobrar-me o estômago de dor, a roer as unhas até ao cocuruto do tutano…com as lágrimas que não paravam de me molhar a alma, ocorreu-me que devia ter errado em qualquer coisa muito séria…. ocorreu-me que toda a minha vida tinha sido um logro e que agora essa mesma vida me virava as costas e me gritava a sua vingança. Nesse instante lembrei-me da minha avó e de todas as vezes que, na sua fé sem limites, me disse que a salvação da nossa alma abre as asas de todos os Anjos que nos veem e nos acolhem com toda a ternura. Pensei que se os Anjos me veem e me protegem o meu caminho, também iriam segurar a minha mão.
Peguei nas chaves do carro e na mochila, segurando a minha dor que caminhava comigo numa estrada de sentido único. Não havia volta a dar: ou desistia de tudo engolida por essa mesma dor ou simplesmente seguia em frente.
Abri a porta do carro e no banco vi uma pena branca caída. Senti nesse momento, que a minha fé tinha vencido e ultrapassado o inimaginável… senti que os Anjos me ofereciam o seu amor e proteção…. me seguravam na mão indicando-me a estrada a seguir…sabia que enquanto os Anjos me acompanhassem nessa estrada sem volta, a vida jamais me iria derrubar. Era tempo de seguir para o velho moinho sem asas onde tinha aprendido a amar e a ser feliz. Era tempo de ver a minha vida reconstruir-se!


(Música: Angels de Robbie Williams)
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