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1/31/2022

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O Injustiçado

 
por Vitalina Ferreira
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Jon era um jovem humilde que vivia num bairro em Nova Iorque. Sua família tinha poucos recursos, seu pai trabalhava nas minas e a mãe era dona de casa, claro que trabalho não lhe faltava! O casal tinha seis filhos, o mais velho com vinte e um anos, o mais novo com cinco.
Jon tinha dezasseis anos, ajudava a família em tudo o que podia, ia levar e buscar os irmãos mais novos à escola, fazia-lhes os lanches, ajudava nos trabalhos de casa, também ajudava a mãe nas tarefas domésticas. Tinha recentemente arranjado um part-time num restaurante, aos fins de semana, para poder comparticipar nas despesas familiares e guardar algum para mais tarde poder realizar seu sonho, o de ser advogado. Toda a família se orgulhava dele, desde que começou a estudar sempre esteve no quadro de honra. Há mais de vinte anos que aquela escola não tinha registo de alunos com notas tão elevadas a todas as disciplinas.
Ele ainda jogava basquete, com treinos todos os dias, tinha uma banda que ensaiava três vezes por semana, fazia voluntariado para ajudar os mais carenciados numa associação do seu bairro. Era um jovem como todos os outros, ou mais ainda, ele achava sempre pouco tudo aquilo que fazia. Os familiares, por vezes, perguntavam como era possível ele ter aquelas notas com tanta ocupação, chegaram a pensar que era sobredotado, e talvez até fosse, mas nunca foram ver, pois não tinham capacidades económicas. Também nunca nenhum professor aconselhou os pais a ver, sim, porque era uma família muito pobre e eram negros. Sim, o racismo existe! Sim, a desigualdade existe! Sim, o preconceito existe!
Jon tinha consciência de tudo isso, mas continuava todos os dias a lutar pelos seus sonhos, esquecendo-se da realidade. Era um jovem alegre, que contagiava qualquer um com a sua boa disposição.
O bairro onde vivia até era bem calmo, todos se conheciam e conviviam uns com os outros. Eis que um dia a polícia bate á porta e pergunta se o Jon está em casa.
A mãe respondeu que sim e perguntou porquê.
A polícia respondeu: o seu filho está preso, por assassínio.
Jon levantou-se rapidamente da cama e disse que só podia ser brincadeira, que não servia para matar uma mosca quanto mais um ser humano.
A polícia levou-o para a esquadra, onde se iria dar o interrogatório.
Jon não protestou, pois sabia que estava inocente. Ficou em prisão preventiva, um ano depois saiu a sentença, condenado à pena de morte. Porém esta não se deu imediatamente.
Jon nem queria acreditar que tinha sido acusado injustamente, nem se preocuparam em investigar para achar o culpado. Porém continuou a estudar na cadeia e realizou o seu sonho de ser advogado.
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1/27/2022

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O Espelho dos Mil Rostos

 
por Sara Jesus
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Isabel sempre foi considerada a feia da família. Era o patinho feio da família de cisnes. Todas as suas irmãs tinham longos cabelos loiros e olhos verdes. Ela herdara os cabelos negros da sua bisavó, que fora renegada pela sua família devido à sua alma rebelde. Como deveria ser admirável tal senhora. Disposta a enfrentar uma família hipócrita, uma família que valorizava mais a beleza do que a sabedoria.
Mas Isabel nunca conheceu essa figura admirável, apenas observou um quadro retalhado de uma mulher com olhar imponente. Alguém que teve bastante relevância no seu tempo, mas foi neste tempo esquecida pela própria família.
Por longos anos, Isabel sofreu calada as humilhações das suas irmãs, até o dia da revelação do espelho. Era o dia do grande baile. Todas as raparigas foram convidadas. Algumas esperavam estabelecer um compromisso, outras apenas queriam dançar.
Isabel sentia-se deslocada. Não se sentia à vontade no meio de desconhecidos prontos a julgá-la. Por isso, escondeu-se numa sala vazia. Uma sala que apenas possuía um enorme espelho. Quando o observou de perto viu-se o mais belo dos cisnes. Sua pele brilhava e os seus olhos tornavam-se duas preciosas safiras.
“Esta não sou eu!”
“Este é o verdadeiro rosto da beleza. Não são os cabelos loiros ou os olhos verdes. Mas uma alma pura, capaz de observar encanto nos recantos mais frios.”
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1/25/2022

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O Espelho

 
por Raquel Lopes
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Um dia, numa das idas ao rio, enquanto lavava a roupa, Henriqueta observou a sua imagem espelhada na água. Sorriu e viu uma rapariga retribuir o sorriso.
— Mãe, tenho uma moça a imitar-me na água! — disse assustada.
— Henriqueta, não seja tonta. É a menina! A água é o espelho dos pobres!
— Sou eu?! — Corou.
— Sim! Aproveite para ajeitar essa trança desgrenhada. Temos de ir, que se faz tarde.
A jovem acedeu à ordem, enamorada com a sua imagem. Foi a primeira vez que se viu.
Não tardaram os pequenos escapes ao rio para se aperaltar.
A mãe, desconfiada com as desculpas, acabou por segui-la numa das vezes. Escondida atrás de uma figueira, observou a filha.
Lá estava ela, sentada numa pedra, a escovar os longos cabelos cor de carvão. O rio era o seu espelho. O possível naquela altura.
As dificuldades não lhes permitiam ter um espelho em casa. O dinheiro mal chegava para comer.
A mãe, queimada do campo árido, desdobrava-se para não lhes falhar. Henriqueta era a mais velha de cinco irmãos.
O pai estava longe. As vindas a casa eram escassas, ou o dinheiro ficaria nas viagens.
Henriqueta estava quase nos dezoito anos. Sabia o que a esperava: ir servir o Visconde Pacheco. 
Falava-se pela terra que o Visconde escolhia as moças mais belas das redondezas. Henriqueta aceitou pelo bom dinheiro que ia receber e o espelho que teria no quarto. Finalmente poderia observar-se sempre que quisesse.
— Mãe, prometo ser por pouco tempo. — balbuciou.
— Vá com Deus, Henriqueta. — Em lágrimas abraçou a filha, na certeza de que não a tornaria a ver.
— Não chore! Estaremos juntas não tarda.
— Tome… — colocou um espelho de ouro nas mãos da filha — era da sua avó. Cuide dele.
Henriqueta paralisou com o momento.
— Não, mãe. Não posso aceitar. Venda-o. Dará um bom dinheiro. — Insistiu.
A mãe, de olhos baixos, acenou negativamente e, em gesto de despedida, disse-lhe adeus em surdina. Voltou costas e entrou em casa.
Rezava a lenda que os espelhos do palacete eram encantados. Todos os que ousassem cobiçá-los, não regressariam.
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