Contacte-nos
92 7080159
Contacte-nos
LabE | Escrita Criativa
  • Formação
  • Recursos
  • Artigos
  • Clube de Escritores
  • Formação
  • Recursos
  • Artigos
  • Clube de Escritores

Junte-se ao
Clube de Escritores
.

Participe nos desafios de escrita criativa

Quero fazer parte »
Section divider type: triangleAsym -- position: bottom

4/28/2022

0 Comments

Duas Dimensões

 
por António Silva
Imagem
– Achas que o gajo se drogou para pintar isto? – perguntou enquanto olhavam para o quadro, como se fosse uma tela de cinema.
– Não. Provavelmente viu uma pizza cair na esquina de um móvel qualquer e ficou com esta ideia em mente – respondeu enquanto comia mais uma pipoca.
– Uma pizza em formato de relógio?
– Não… – Riu-se. – Uma pizza redonda como as outras. Os relógios também são redondos, juntou as duas coisas e a ideia nasceu assim. As ideias aparecem dessa forma, ao juntar memórias.
– O Salvador Dalí devia ser do signo Peixes – comentou ao encher a mão de pipocas.
– Lá vens tu com os signos. Os Peixes não são os únicos capazes de criar surrealismo.
– Em matéria de criatividade os Peixes estão no topo da tabela do zodíaco. 
– Já vou ver – bufou. Mastigou mais umas pipocas, pegou no telemóvel e consultou a internet. – Nada disso. Onze de Maio. É Touro –concluiu.
– Então é uma surpresa. Não sabia que os Touros também fazem arte. Adiante. Gosto como de uma coisa em duas dimensões consegue representar um ambiente em três dimensões. Faz-nos viajar com a mente – reflectiu entre os estalidos do seu mastigar.
– É pena não conseguimos entrar lá dentro. Gostava de saber como funcionam as leis da física naquele sítio. Será que algum cientista já ponderou esse estudo?
– Lá estás tu a divagar. Isto é uma obra de arte, a ciência não tem nada a ver com isto. É para observar e pensar.
– Pensar no quê? – O balde de pipocas já começava a mostrar o fundo.
– Como a vida tem os seus limites e através da arte podemos tornar o irreal possível.
Nesse momento a conversa foi interrompida. Dezenas de polícias armados até aos dentes irromperam pela casa adentro.
– Mãos no ar, vocês estão presos pelo roubo no quadro “A Persistência da Memória”!
Riam como crianças enquanto obedeciam às ordens.
– Pois! Conseguimos roubar e só agora é que nos apanharam! E isto porque nós mandámos a carta com a nossa morada! – Riram-se ainda mais enquanto os polícias puxavam das algemas para os prender.
– Espero que a comunicação social esteja lá fora. Queremos ter o nosso momento de fama! – Gabavam-se com orgulho por terem conseguido fazer aquele assalto. – Considerem esta a nossa obra de arte!
0 Comments

4/21/2022

0 Comments

Visita ao Futuro

 
por Sofia de Melo Esteves
Imagem
são as memórias do futuro que me perturbam.
arrancam-me do meu estado tranquilo e agarram-se,
como lapas, aos meus dias.
são as lembranças que ainda não existem, as visões que ainda não são,
as fotografias de um laço esmorecido. são essas as guerras que travo com o tempo.
o passado é-me agora fácil de gerir. uma construção anteontem robusta,
mas que ontem entrou em colapso. hoje. hoje é só uma estátua cujo propósito é estar.
lembrar. sem dor.
medo do fim. medo do como. medo do quando. é este o estado de coisas.
não é o que se acabou, é o que virá a morrer.
não foram os desaparecidos, serão os vivos caminhantes até lá,
ainda cá mas com o tempo em extinção.
preciso cada vez mais de ti ao meu lado até um dia acabar tudo.
lembro-me já da tua pele macia, das tuas piadas sem nexo.
estás igual ao agora, mas tão próximo do  final.
fechas os olhos um minuto depois de mim,
porque é assim que tem de ser e o meu desejo prevalece.
não tens voto na matéria e isso digo-to já hoje.
um momento. espera. cuida bem das nossas almas para lá chegarmos com vida.
um momento, não avances. cuida agora do que é nosso.
e mais tarde será lembrado.                                                                         
0 Comments

4/19/2022

0 Comments

A Persistência da Memória

 
por Carina Alexandra Oliveira
Imagem
Ao fundo vejo o mar, perante o cenário é nele que me foco. Quero tão somente alcançá-lo.
Quero fazer esta travessia no deserto. Preciso de a fazer. Despir-me de mim, ver mais além do que tenho diante dos olhos. Desconstruir o cenário que os meus olhos vêem. Quero alcançar o que está para lá dos pequenos detalhes. Sem tempo contado. Só vejo morte e sinto solidão. Os ponteiros dos relógios desactivados jazem inertes. As formigas cambaleiam por todo o lado. Sem sustento para si e para os seus. A mosca no relógio faz uma pausa no seu voo. O cheiro a terra seca invade o espaço. A árvore não produz mais oxigénio para me alimentar os pulmões, por isso tenho de chegar ao mar. Perdeu todas as folhas, e os galhos secos apenas suportam o peso do tempo que deixou de contar. Até quando aguentará antes de quebrar?!
O mar traz-me sempre um novo respirar. Uma nova perspectiva. Um novo sopro. É a minha esperança de sobrevivência. A água, para onde me atiro, leva aquilo que não quero mais lembrar. Renova-me as ideias e as células de um corpo cansado de aridez. A pele não mais ficará seca. Ficará húmida e com cheiro a sal. Cheiro esse que me dará o impulso de que tanto preciso para continuar. Permite-me, ainda, por alguns instantes, respirar fundo. Ainda que o tempo não avance mais. Inconscientemente penso se a morte me vai alcançar. Mas eu quero viver e lutarei contra a minha consciência muda. Trocarei os meus pensamentos, mesmo quando tudo estiver de pernas para o ar. Especialmente nessa altura.
Choro. Ver a natureza morta entristece-me. Tira-me a motivação e a força de que preciso. Mas já cheguei ao mar. Consegui atravessar o deserto em busca de vida. Da minha vida. Que quase ficou refém da memória das coisas que observava. O pato que acabou por morrer enquanto dormia. Será que é um pato?! Será que está morto?! Na minha memória guardo a imagem de que o era. Mas não tenho a certeza. Cada vez tenho menos certezas e mais perguntas.
Contemplo o céu. As cores maravilhosas que se misturam em tonalidades veraneantes. Sinto esperança. Esperança de que esta paisagem torne a ganhar vida. Os ponteiros voltem a rodar, o pato irá acordar do seu sono temperador, as formigas carregarão a sua comida para as suas casas, pensando no Inverno que há-de vir. E a mosca voará para longe, batendo as suas asas cada vez mais fortes. Juntos conseguiremos! Alcançar aquilo que fizer sentido para cada um de nós. Em paz e com um sorriso no rosto!
0 Comments
Previous

    Desafios de escrita criativa

    Este é o espaço onde publicamos os textos dos membros do Clube de Escritores.

    Quero participar
    Em www.bertrand.pt

    Histórico

    Novembro 2022
    Julho 2022
    Junho 2022
    Maio 2022
    Abril 2022
    Março 2022
    Fevereiro 2022
    Janeiro 2022
    Dezembro 2021
    Novembro 2021
    Outubro 2021
    Novembro 2020
    Outubro 2020
    Setembro 2020
    Agosto 2020
    Julho 2020
    Junho 2020
    Maio 2020
    Abril 2020

    Categorias

    Tudo
    Desafios
    Textos Vencedores

    Feed RSS

labE | Laboratório de Escrita

Juntos escrevemos mais e melhor.