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7/16/2020

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Texto vencedor

 

de Cátia Venichand

Imagem

Despiram-me de mim. Penduraram a minha história em fascículos invertidos e suspensos. Perdi-me, nos pensamentos empacotados que nunca me foram permitidos. Desfiz-me, no que fui e nunca soube. A minha biografia estava tremulamente redigida em páginas vazias com capas trocadas, coladas pelo impingir de um passado. Foram rectificações enastradas embebidas em mentiras. Tanto livro, tanto mundo, tanta falta de mim. Nas palavras que sempre lá estiveram, nas letras que nunca faltaram. Fui quem nunca cheguei a ser numa descoberta lamentável do que poderia ter sido. Do que poderia ter crescido e amadurecido de outra forma e feitio. Da falta que me fizeste como mãe, amiga, companheira e confidente. E agora, que nada pode ser reescrito, ponho reticências na mágoa do que não arquivei na biblioteca da vida. Nos livros em que não participei como protagonista. Quero apagar tudo mas não consigo redigir num eco de outro recomeço. Seguro-me a isto como quem abraça os rabiscos de um passado por recuperar. Levaram-me de ti mas nunca deixaste de me procurar na existência do que fui e sempre serei para nós. Careço do tempo que me raptaram, na história incompleta de um final sem fim.

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7/9/2020

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Fotografias que contam histórias

 

desafio de escrita criativa

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Qual é a história desta fotografia?
Envie-nos um texto, com até 200 palavras, para info@laboratoriodeescrita.pt.

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7/8/2020

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Carta a um desconhecido

 

de Isabel Neto

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Esventrada, embrulho letras em papel
 
Sentada aqui, algures na serra de Sintra, por entre folhas ferrugentas e cogumelos a quererem espreitar, tive o cuidado de me sentar onde nenhum ser fosse sacrificado, para poder ter este momento.
 
A harmonia, a paz e a fé ou a crença, se alguma vez tivesse a esperança de as encontrar, seria aqui. Em comunhão com o que não se deixou poluir. Onde a fábula e a realidade convergem. Uma quase utopia.
 
Devo confessar, a medo, que perdi a esperança no Homem. Não encontro em nenhum olhar pelo qual me tenha cruzado, igual ternura, compreensão, fidelidade e amor incondicional como encontro nos animais.
 
Aqueles com os quais convivemos quotidianamente e os quais parecem ter ficado com o melhor daquilo que outrora possamos ter sido. Parecemos ter deixado de ser Homens para ser autómatos.
 
Será que algum dia seremos humildes o suficiente para nos permitirmos aprender, desta feita, com eles?
 
Tratar-te-ei por tu. Já basta a distância que se nos impõe, o facto de não saber quem me vai ler... Se puder ir criando esse laço de proximidade, farei a minha parte. Não mais que a minha.
 
Inusitadamente uma questão surge, uma certa indecisão em relação à forma de chegar até ti. Como começar na serra ou no mar, e acabar em terra, ou na areia?
 
As novas tecnologias poder-me-iam levar até ti com uma velocidade estonteante, mas será mais impessoal que este rascunho de pensamentos, escritos ao sabor desta invejável serenidade.
 
Não quero que me leias com a destreza e fluidez que impõe um ecrã de emaranhados de binários traduzidos em letras e palavras. Quero que saboreies e tentes chegar até mim, por aquilo que escrevo, da forma como escrevo, pois o que é manuscrito tem, na sua essência, aquilo que se sente no momento que o dizemos.
 
A letra enraivecida, a letra apaixonada, a letra nostálgica, a letra introvertida. Pequena, grande. Apressada, demorada. Arrastada… Nós somos aquilo que dizemos, pela forma como escrevemos e pela cor do nosso olhar. Somos o nosso corpo, a nossa face, a nossa voz, que sorri, embarga ou enfraquece. Mas isso, não sei se estarei à altura de te transmitir.
 
Eu risco-me e corrijo-me. Trago apenas uma folha, para não haver a tentação de deixar de ser eu, e racionalizar demasiado. Pois é disso que tento fugir a sete pés, neste momento. Em qualquer momento, na verdade. E cada vez mais.
 
Prometo evitar que lamentos salgados caiam sobre este texto, pois correria o risco de não me compreenderes bem, por ter turvado, em algum momento, uma palavra que seja, pois a falta dela poderia alterar por completo a verdade de mim.
 
Guardá-las-ei, de preferência, na garrafa que escolhi para viajar até às tuas mãos.
 
Escrevo como se fosses a última pessoa à face da terra. A quem tudo quero dizer. Preciso. Como se fosse a última refeição de um condenado.
Preciso de te explicar que desespero por me demonstrares o contrário daquilo em que deixei de acreditar. Preciso que me demonstres que a humanidade existe, o Homem existe, e que somos mais que irmãos: somos iguais. Diz-me que há esperança.
 
Sopra com toda a força que tiveres, nesses pulmões que te fizeram gritar, chorar, assim que viste, pela primeira vez a magia do mundo, através dos olhos da tua mãe. Assim que chegaste ao mundo. Traz as nuvens todas que encontrares no céu até mim. Estuda os ventos, as correntes de ar, a composição do algodão doce, e saberás para onde deverão seguir.
 
Deixo-te a minha vida e um pouco do meu perfume neste precioso papel.
Pode ser que quando nos reencontrarmos me reconheças.
 
Guarda esta carta como se de um mapa proveniente de um navio pirata se tratasse, que encontra na cruz o tesouro a encontrar.
 
O tesouro é tudo isto que te digo, e aquilo que me poderás vir a dizer.
 
Despeço-me sem saber se amanhã não irei desencantar outra folha para viajar novamente até ti.
 
Depende de nós.

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