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10/28/2021

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Texto de Sofia Leal

 
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Não sou uma estranha em Paris porque em tempos fugi com o meu amante para a cidade do rebuliço das luzes e fizemos dessa viagem um carrossel de emoções líricas. Percorremos o Sena em todos os barcos disponíveis e inventámos outros tantos para visitarmos os recantos que os habitantes escondem dos turistas. Sim não sou uma turista, os parisienses conhecem-me de lerem a poética contida nos escritos que lhes dedico numa revista chamada “L'Éternité Comme Ami”, textos que escrevo apaixonada pela vida, uma vida que me traz sementes que crescem nas minhas mãos livres de formas e conteúdos. A minha profissão é essa: sou escritora de páginas sem limites de paginação e qualquer texto é eterno pois pode ter continuação no dia seguinte, é como o meu Amor Verdadeiro por ti mon chéri: um prolongamento inflamado das chamas.
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10/20/2021

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Texto de Estefânia Barroso

 
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Regressos...

Eu tinha de voltar àquela cidade! Eu tinha que voltar àquela cidade que tinha assistido à primeira golfada de ar que tinha enchido os meus pulmões, ao meu primeiro grito para a vida mascarado de choro, ao primeiro olhar embevecido da minha mãe para o seu novo rebento. Não sabia quando, não sabia como, mas tinha de voltar! Foi este o primeiro pensamento a cruzar a minha mente naquela manhã.
Quis o destino – ou melhor – a vida dos meus pais, que o meu primeiro olhar para o mundo, assim como os meus primeiros anos de vida fossem vividos em França, numa cidade situada perto dos Alpes – Chambéry.
Apenas vivi lá os primeiros anos da minha vida. Com pouco mais de 6 anos, fizemos o que muitos emigrantes decidem fazer, e regressámos a Portugal. Aqui chegados, as bagagens foram pousadas na cidade da Covilhã. Curiosamente, a única semelhança que se poderia encontrar entre as duas cidades – a francesa e a portuguesa – era o facto de serem cidades encostadas aos pés de montanhas e, como tal, as visitas à neve serem algo mais ou menos recorrente. De resto, as duas cidades dos inícios dos anos 80 não poderiam ser mais diferentes. Aliás, o Portugal dos anos 80 em nada se parecia com a França daquela época. A velha ideia de que Portugal tinha um atraso de mais de 40 anos em relação a outros países da Europa não poderia ser mais verdadeira, pelo menos neste caso…
Contudo, ainda que o choque cultural fosse enorme, não poderei dizer que não gostei de Portugal e que não me tenha sentido em casa. Afinal, o meu sangue era português e este era o meu lugar. E, por estranho que pareça, ou porque de facto as crianças optam sempre por tirar o melhor partido daquilo que a vida lhes traz, rapidamente aceitei este país e a Covilhã como a minha nova casa e releguei para o esquecimento aquele país e aquela cidade.
Cresci e a vida foi decorrendo entre muitas vilas e cidades portuguesas. A minha profissão a isso me obrigou. Em todas deixei um pouco de mim e do meu coração. A todas tratei como “lares substitutos” da minha Covilhã. Em momento algum, até há pouco tempo, senti saudades daquela primeira casa, em França. Até ao dia em que, e sem nada que o fizesse prever, sonhei com Chambéry. Sonhei com a sua zona histórica, com as suas ruas pitorescas, a sua Place des Éléphants, o seu castelo…passeava-me pelas ruas com uma sensação de leveza como quem se sente a pairar, sentei-me em esplanadas deliciando-me com um éclair au chocolat, observei os transeuntes não com o olhar de um visitante, mas com uma sensação de pertença àquelas ruas, àquelas velhas pedras. Acordei com uma sensação de paz, de quem tinha regressado de uma bela viagem. O primeiro pensamento que passou pela minha mente foi esse mesmo: “Tinha de voltar àquela cidade”.
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10/20/2021

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Texto de António Silva

 
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“Eu tinha de voltar àquela cidade”. Devo começar assim um texto, ou um conto, ou qualquer coisa que se escreva para alguém ler depois (ou ninguém, ou apenas eu sozinho numa viagem ao passado).
Gosto que me dêem uma orientação para que as palavras saiam. Uma ordem imperativa para escrever as emoções, senão, ficam cá dentro acumuladas como lixo. Tenho de escrever como se fosse algum tipo de obrigação religiosa, ou melhor, um exorcismo de demónios que moram cá dentro à espera de que a porta da loucura se abra para o exterior.
Assim foi feito: “Eu tinha de voltar àquela cidade”. Mas afinal a que cidade devo eu voltar? Nem sequer gosto de cidades. Pessoas que andam pelas ruas claustrofóbicas, trânsito aglomerado como um bando de formigas cujo destino é ser apenas mais um número.
Talvez só conheça as cidades erradas e esteja a fazer juízos incorrectos. Ou, talvez, não compreenda quem vive para lá do meu mundinho grandiosamente pequeno. Não interessa, vou continuar a escrever.
Voltar a uma cidade que não conheço, fazer amizade com gente que nunca vi, passear tranquilamente nas avenidas sem que os passos dos outros me incomodem. Parece quase inconcebível.  
Dou por mim, assim, a escrever sobre essa cidade hipotética que só existe na minha fantasia. Sinceramente gostaria de voltar lá. A essa tal cidade, onde nunca estive (e a minha imaginação tem dificuldade em criar). Cheia de gente e apartamentos pequenos, sem quintais, ou ruas quase vazias. Assistir aos programas de entretenimento de domingo à noite e comentar, como se aquilo importasse para alguma coisa.
Mas eu não sou assim. Valem as palavras escritas. Servem de viagem a esse lugar que me pediram para voltar. O homem não é só feito de corpo. A imaginação também conta como um sítio real. Acho que todos os filhos da fantasia sabem disso.
Desta vez apresento uma cidade sem nome, onde mora quem não conheço, com histórias que nunca aconteceram, em que a inquietação se dispersa pelas vielas perdidas no meio dos prédios que não existem. Onde eu gostaria de ter voltado, sem nunca lá ter ido antes.
Pediram para escrever sobre uma cidade e eu escrevi. Mas a realidade é que só escrevi sobre mim e peço desculpa por isso (ou talvez não).
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