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6/4/2020

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Carta vencedora

 

Carta ao meu "eu" futuro, de Isabel Neto

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Como foste capaz? Como ousaste repetir os mesmos erros? Sempre a mesma. No passado e no presente, que outrora foi futuro. Pensar que serias eterna, observando a asfixia do cascalho, a lutar por passar pela traqueia angustiada de um funil impregnado de taninos, até chegarmos aqui… O tempo passa com um compasso aparentemente alucinante. Galopante. Tempos desencontrados graças a um relógio de inebriantes (des)ilusões.
 
Se questionada fosse sobre o meu maior desejo, neste momento, em que nada mais sou que uma sombra de arrependimento, de vontades, de inúmeras coisas difíceis de nomear, responderia não regressar a um passado, mas antes refazer o presente. Ainda irei eu a tempo?
 
Dou-me conta das questões que me coloco, como se não me conhecesse e o meu futuro fosse uma incógnita. Não terei eu tido ainda a oportunidade de bem me conhecer. Deposito inteira esperança nas lições que aprenderei e absorverei, no sentido de me tornar mais “sábia”, mais ciente das coisas, inclusive de mim.
 
Neste momento presente, dir-me-ia no futuro, que fiz o melhor que pude, o melhor que soube. A exigência quase implacável para connosco próprios mata-nos possibilidades. Castra-nos maravilhosas potencialidades. Tenta apaziguar-te com o facto de seres, tão simplesmente, humana.
 
O que tens tu a perder agora? Perde a vergonha de fazer. De seguir. De sonhar. O tempo não joga a teu favor. Cabe-te a ti jogá-lo em teu benefício. Que o xeque não mate.
 
Está na minha mão ser peão, rainha, rei, cavaleiro, torre, bispo, qualquer peça deste xadrez de padrão preto e marfim, qual teclas de piano, onde toco a música a meu bel-prazer. Onde danço consoante a música que eu própria imagino.
 
Vive enfim a tua vida, agora que te sobra o tempo. Não julgues ser demais, pois quando te deres conta, esta vida já esgotou, como a paciência de quem espera o fim, embora ainda agora tudo tenha começado.
 
Começa por observar-te ao espelho dessas lágrimas que persistem, longe da cegueira desta velocidade furiosa com que se vive os dias, pois corres o risco de vir a não saborear e morrer sem um dia teres feito pazes contigo própria.
 
Porque não sorris tu, pelo menos uma vez na vida, com todos os dentes que tens e com esse peito que luta por bater, quebrando o mármore em que se transformou, e deixas o vulcão há tanto tempo adormecido correr o caminho de magma que escorre pelas veias e te deixa febril?
 
É isso que sente quem vem ao mundo para viver, ao invés de partir.
 
Está na hora de renasceres e saberes o que é ser, quando foste, agora que és, antes de seres o que serás.
 
Um beijo, e um abraço quente de quem nunca te soube amar e querer bem, como alguns outros o fizeram tão bem. Faz-te bem, pois mereces.

Quer-te bem.

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