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5/14/2020

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Conto infantil vencedor

 

As viagens à hora da história, de Catarina Siquet

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Todos os dias, quando caía a noite, chegava a hora de embarcar numa viagem sem bilhete e sem malas.

O João, confortável na sua cama, começava a relaxar… dedinho por dedinho! Era uma sensação de descanso, um momento em que um suspiro e um sorriso era o quanto bastasse para dar início ao sonho.
Sentado no cantinho da cama, para o Raul, o pai, este era um momento de entusiamo! Sentia um formigueiro de alegria a crescer e a embrulhar-se nas histórias que contava, que parecia querer sair disparado do quarto, atravessar a claraboia da casa, tamanha a energia e vontade com que lia!

O João adorava estes longos minutos. Era como se estivessem os dois sentados numa bela estação de comboios. Daquelas que lembram os tempos antigos e os desenhos animados misteriosos, com flores de madeira, azulejos brancos e azuis, um relógio gigante com ponteiros bordados e os revisores bem fardados! Pensava o João na visita que fez ao Porto, misturando imagens da uma velha livraria com a estação de São Bento. Os comboios eram vermelhos e pretos, com ferros fortes e arredondados à frente, com quatro carruagens de passageiros e uma de mercadorias (para as caixas de presentes), como aquele que circula, à volta da árvore, todos os Natais, na sala de estar junto à lareira.  

O João esperava pacientemente, com a calma de quem tem a certeza de que o seu comboio mágico do sono iria chegar a tempo, e por isso, tal como os velhinhos do banco do jardim, ouvia, com toda a atenção e admiração, a história que o pai havia escolhido para essa noite. Sentia-se aconchegado nos lençóis e deixava nas gavetinhas da memória as satisfações e tristezas do dia.

O pai, engraçado e divertido, esperava, com borboletas no estômago e risos engasgados, o seu comboio mágico da imaginação! E, por isso, tal como uma criança a experimentar pela primeira vez o seu brinquedo, ele lia, com toda a entoação e em jeito de murmúrio segredado, as linhas do livro que lhe aquecia as mãos e o coração. A sua voz era rouca e doce. Os olhos brilhavam como faróis no mar afundado na escuridão. As mãos grandes e morenas gesticulavam, com graciosidade, fazendo o seu cabelo levantar voo. As sobrancelhas subiam e desciam, umas vezes devagar e outras com muita intensidade.

O João adorava ver o pai assim. E quando o olhava dizia nos seus pensamentos “Quando crescer quero ser igual a ti, pai!”

O Raul adorava ver o seu João assim. E quando o olhava dizia nos seus pensamentos “Amo-te tanto, meu filho!”.

Era assim, cada um à sua maneira, com uma luz de todas as cores em seu redor, que viviam aventuras das histórias em cada noite. Momentos preciosos esses, em que partindo juntos, companheiros de viagens, cada um em tempos e compassos únicos, faziam o seu próprio itinerário, sabendo que o outro continuaria lá, na noite seguinte, para recomeçar e partilhar uma nova viagem.

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