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3/9/2022

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Diário de um condenado à morte

 
por Vandunen Yanagui
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“Amanhã, por fim, estarei livre. Livre desta vida, livre deste corpo. Ontem o guarda Pérez disse-me para pensar em duas coisas, no que eu queria comer como a minha última refeição, e se iria querer um padre para me confessar. Este guarda Pérez… parece que também ele ficará livre em breve, disse-me que eu seria o último condenado que ele veria a andar por este corredor. Nem sei como ele passou tantos anos num lugar como este. Percebe-se logo que ele é uma boa pessoa, se o tivesse conhecido noutro lugar nunca diria que ele trabalharia aqui. Acabei por lhe dizer que o que eu queria mesmo comer era um refogado de carne da minha mãe. Na mesma mesa em que comia quando era pequeno, saboreando aquela suculenta carne, o molho e o puré. Claro que a inocência daquela idade teria de estar presente, assim como o sorriso de satisfação da minha mãe a olhar para mim, a ver-me lambuzar-me com a sua comida.  Quanto ao padre… o agente Pérez é religioso, filho de mexicanos, mas nascido aqui no Texas. Reforcei a minha ideia de crença, dizendo que acredito em algo superior, mas é nos meus antepassados e nos que já foram, assim como os meus pais com quem falo e acredito que são eles os que me amam, que me ajudam nesta vida. Creio mesmo que a minha mãe estará ao meu lado quando amanhã a hora chegar.
Esta folha se juntará ao meu diário. Tem uma capa como uma borboleta azul desenhada, a mesma que tenho tatuada no pulso para me lembrar de ti. Se estás a ler estas minhas últimas palavras é porque o agente Pérez tratou de tudo. Agradece-lhe por mim.  Quero que acredites na minha inocência, pois sou inocente! O destino pôs-me no lugar errado, na hora errada, e nenhum dos advogados conseguiu provar o contrário.
Tento esquecer o medo, que o tenho não nego. A revolta também me faz perder o sono. A justiça dos homens nunca foi justa. Por isso peço-te: esquece este episódio da minha vida e vive a tua, lembrando os momentos em que fomos felizes e nos rimos ao lado um do outro.
Estarei sempre do teu lado, minha filha, sempre! Basta chamares por mim.
Amo-te. O teu pai, Robson!”
A pequena Britney chorava ao ler as últimas palavras do pai. No entanto sentia-se consolada por ele não ter sido executado. Morreu subitamente durante a noite. Algo lhe dizia que talvez tenha sido a sua avó a tomar conta do seu filho novamente, vindo buscá-lo, poupando-o de tal horror.
Com este pensamento ela viu uma folha do diário cair. Apanhou-a do chão e na sua mão aquela folha transformou-se numa linda borboleta azul, que levantou voo e desapareceu ao atravessar a luz do sol.
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