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por Carina Alexandra Oliveira Encontrei-te.
Tantos anos depois, reencontrámo-nos naquela praia. Tinha saído para uma caminhada e acabámos a esbarrar ali, no passadiço junto ao mar. Há quantos anos não te via. Há demasiados. Ficámos perplexos a olhar-nos, como se precisássemos da confirmação de que era mesmo verdade. De que ambos estávamos ali, diante um do outro. “Estarei a sonhar?!”, pensei. - Margarida?! És tu? – conseguiste pronunciar. - Sim, sou eu. Lourenço?! O que te traz aqui? – questionei curiosa. - Agora vivo aqui, ali do outro lado da rua. E tu? Por aqui? – disseste, meio atónito. - Sim, estou de passagem. Vim dar uma caminhada junto ao mar. Precisava sentir este cheiro e desfrutar desta imensidão. Acabaram ali os dois a conversar por uns instantes. Perceberam, pelas conversas, que ambos estavam solteiros. Que a vida deu tantas voltas e quase os reposicionou no local onde se tinham encontrado pela primeira vez, há mais de vinte anos. Seria a vida a dar-lhes uma nova oportunidade?! A relação fugaz havia terminado abruptamente, sem hipótese de retorno, quando eram uns jovens. Combinaram encontrar-se, mais tarde, para jantar. Escolheram um restaurante italiano, que ambos adoravam, virado para o rio, em Lisboa. - Estás linda! – elogiou-a enquanto admirava a sua elegância num vestido preto. - Tu também não estás nada mal… - sorriu-lhe. Esticou-lhe o braço para que lho pudesse dar e seguiram, a pé. Partilhavam ambos o sentimento do tempo não ter passado. Houve um salto temporal de vinte anos que parecia não existir. Partilharam sonhos e aquilo que sentiam, naquele momento. Os olhares trocavam-se, tímidos, indicando que o sentimento partilhado ainda permanecia. - É estranho, não é? – questionou-a. - O quê? – fez-se desentendida… - A vida ter destas surpresas. Parece que não passou tempo nenhum. Estamos aqui, diante um do outro, a partilhar a vida como se nunca tivéssemos estado separados. Não me leves a mal, mas… tenho de te dizer uma coisa… - Claro que não te levo a mal, diz o que sentes… - Não quero que nos voltemos a separar! Sei que as nossas vidas avançaram durante estes anos, muita coisa mudou, mas o sentimento que sinto por ti, nunca o perdi. Tenho a sensação que ficou guardado numa caixa, embrulhado com um tecido floral bonito e com um laço especial… - Eu também não quero. A cumplicidade está em nós, une-nos. Queremos ser felizes e podemos partilhar uma vida feliz, plena, cheia de sentimentos bons, realizando sonhos e conquistando o brilho no olhar do outro. O que Bernardo não sabia é que a vida dela não avançou. Ela esperou por este momento, em cada dia, destes vinte e um anos em que estiveram separados. Fechou-se ao amor, com o coração partido da ausência daquele Amor tão puro. O primeiro que alguma vez sentiu. Your comment will be posted after it is approved.
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Desafios de escrita criativa
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Novembro 2022
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3/24/2022
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