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6/30/2022

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Impossível escapar

 
por Vandunen Yanagui
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Por mais que tente esquecer este assunto, nos momentos mais importantes da minha vida, pumba! É certinho!
Mas que raio de pergunta é esta? Até aqui! Para que será que querem saber uma coisa destas? Que utilidade terá? A final quem nunca?
Hei de culpar as minhas irmãs a vida toda por causa deste maldito assunto. A Ema e a Zoe. São as minhas irmãs mais velhas, ainda para mais gêmeas! Ambas andam sempre com esta coisa atrás. Acontece isto, faz aquilo. Aconteceu aquilo faz isto. Antes de fazeres aquilo, faz isto. Depois de fazeres aquilo, faz isto! Cristo! O pior é que por mais que eu lhes diga, ou diga a mim mesmo, que existe sorte e existe azar, tente pensar que se uma pessoa é positiva terá sorte e se pensa de modo negativo terá azar, esta coisa peganhenta da superstição, que aparece instintivamente apenas para me deixar melindrado perante as situações, principalmente se tenho de tomar decisões.  É que não me larga e claro a culpa é delas! Uma pessoa nasceu e cresceu com isto e ficou impregnado no subconsciente.
Foi como no meu casamento, isso é que foi lindo!
A Ema e a Zoe, não gramavam nada a Marta, andavam sempre a dizer: “Com tanta miúda forte buscar a mais insuportável da escola”. Depois o bom e o belo, foi quando anunciei que íamos casar “Tu não te cases com ela”, disseram em coro!
Então estávamos na igreja, já nos momentos finais da cerimónia, mesmo naquela altura em que o padre faz a velha pergunta, “Se alguém se opõe a este matrimónio, que fale agora ou se cale para sempre”. Pumba! Do fundo da igreja, isto é, da porta ouve-se um miado! Um miado, nem alto nem baixo, bem colocado. Vejo o padre espreitar por cima do meu ombro e como se tivesse viste o filho do diabo a entrar pela igreja, benzeu-se a toda a velocidade. Virei-me para trás, muitos repetiam o gesto do padre, outros batiam na madeira dos bancos ao mesmo tempo que todos os olhos se direcionavam ao não convidado. Um gato preto! Um gato preto, a entrar pela igreja como se nada fosse, como se ali fosse a sua casa! Preto! Mas porque é que tinha de ser preto, não podia ser malhado ou mesmo branco? Tinha de ser preto! Tinha de ser um gato, estes bichos estão metade cá, metade lá! Até me arrepio só de lembrar disso. Não podia ser uma rola ou uma bomba branca, a fazerem aquela cena mágica? Mas não tinha de ser um gato e preto! Que mal fiz eu!
Claro que pensava que era uma partida das minhas irmãs, mas quando os meus olhos descolaram momentaneamente do gato e caíram já irados em cima delas, percebi que nada tinham a ver com o sucedido. Já estavam com as rezas e com os dedos todos torcidos. A minha mãe incrédula chorava, a mãe da Marta chorava, a Marta chorava o meu pai de boca aberta nem sabia o que fazer. Pedi ao Alberto, o meu amigo, padrinho de casamento para ir lá enxotar o gato, levantou-me discretamente o dedo do meio dizendo “Fonix! Vai lá tu o gato é preto e o casamento é teu!”.  O gato foi-se deitar a meio do corredor entre a porta e o altar, mesmo onde um feixe de luz mergulhava de uma janela para o chão. Quis eu acreditar que ali estava quente. Estava quente o tanas! A quem eu quero enganar! O gato preto estava ali para me estragar a vida!
Incrivelmente, ninguém se atreveu a enxotar o gato. Ninguém! O espanto de todos era tão grande como o silêncio. Haveria ali alguém que não acreditasse que o casamento estava condenado? Toda a gente, claro!
O resto da cerimónia decorreu com o animal a esticado, lambendo o pelo ao sol. Dignando-se apenas a ir-se embora no fim da cerimónia. Caso para dizer, graças a Deus!
No copo de água, o gato era o motivo de conversa, isso e na certeza que o casamento estava condenado. Eu já só queria era que a lua de mel corresse bem e que o avião não caísse. A Marta, coita, estava destroçada. Nem as minhas cuecas do Egas da Rua Sésamo a fizeram rir.
Escusado será dizer que esse casamento durou pouco, muito menos que o previsto. A culpa, claro foi do gato, não do amante que a Marta arranjou.
Mas para que querem saber se eu sou supersticioso? Esta é uma entrevista para agente de imobiliário, não para trabalhar numa fábrica de espelhos! Eu nem sei responder a esta maldita pergunta! Raios!
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