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por António Silva Oiço histórias de guerra. Conquistas gloriosas em nome da liberdade. Os países, orgulhosos, erguem a bandeira dos direitos humanos, contudo, em simultâneo exibem as suas armas superiores em paradas militares bilionárias. Evocam momentos de heroísmo e patriotismo, nas batalhas grandiosas onde vence aquele que melhor defende a dita liberdade.
Já repararam que depois de uma guerra vem sempre um período de progresso? Pelo menos até que as trevas regressem novamente… Acreditem, elas regressam sempre, já que a história tem essa mania de se repetir… De forma irónica, alcançamos a liberdade que temos por causa das guerras que travámos no passado (nós não, os que nelas participaram em nome de um mundo melhor). E como ficam as pessoas que batalharam nessas guerras heroicas dos livros de história? Vidas inúteis atiradas como lixo para o entulho do campo de batalha. A palavra morte banalizada em troca da conquista da liberdade. Jovens com sonhos que nunca se concretizaram, assustados nas trincheiras, debaixo de uma chuva de balas e sangue, cientes que o seu destino era morrer. Nascem heróis, morrem pessoas. Destrói-se a tirania para dar lugar a um mundo onde a paz nunca acontece realmente. Existe sempre um motivo para batalhar. Uma causa superior que mobiliza a vida dos inocentes para a chacina. Aqueles que escutam as histórias, pouco se importam sobre quem pereceu para que o mundo fosse livre. A guerra parece longe para quem nunca a suportou. Perdida nos livros de história, ou escondida atrás de um ecrã. As vítimas lamentam para os microfones e para as câmaras. Entretêm as massas nos noticiários como se fosse um reality show feito de tragédias. Mas afinal o que importa a vida de quem não conhecemos? Como se curam as feridas dos que sobrevivem ao inferno? Cicatrizes eternas no corpo e na alma, impossíveis de esquecer na sua dor perpétua. Nas cerimónias emotivas, nos discursos dos políticos, lembram-se as datas das batalhas e toda a glória alcançada. Faz-se um minuto de silêncio por aqueles que nunca conseguiram viver para além do campo de batalha. É só isso. Um esquecimento disfarçado de homenagem, por aqueles que nunca conseguiram voltar a casa, longe da guerra, para conhecerem uma vida onde a paz é verdadeira. E nós, que valor damos à liberdade que nos ficou de herança? Iron Maiden – Paschendale Num campo estrangeiro ele está caído Um soldado solitário, um túmulo desconhecido Nas suas palavras moribundas ele implora Contem ao mundo sobre Paschendale Aliviado de tudo porque passou A última comunhão da sua alma Ele enferrujou a tuas balas com suas lágrimas Deixa-me contar-te sobre estes anos Abaixado em uma trincheira cheia de sangue A matar o tempo até à minha própria morte Na minha face eu sinto a chuva que cai Nunca verei os meus amigos novamente Entre o fumo, lama e chumbo Cheiro o medo e a sensação de terror Em breve será a hora de passar o muro Fogo rápido e o fim de todos nós Assobios, gritos e mais rajadas de fogo Corpos sem vida pendurados no arame farpado O campo de batalha nada mais é do que um túmulo sangrento Em breve vou-me juntar aos meus amigos mortos Muitos soldados com dezoito anos Afogados na lama, sem mais lágrimas Certamente uma guerra que ninguém pode vencer A hora da matança está prestes a começar Uma casa, longe Da guerra, uma hipótese de viver novamente Uma casa, longe Mas a guerra, sem hipótese de viver novamente Os corpos, nossos e dos nossos inimigos Um mar de morte a transbordar Na terra de ninguém, só Deus sabe Para as mandíbulas da morte nós vamos Crucificados como numa cruz As tropas aliadas lamentam as suas perdas A máquina Alemã de propaganda de guerra Como nunca ninguém viu Juro que ouvi os anjos a chorarem Rezo a Deus para que mais ninguém morra Para que as pessoas saibam a verdade Contem a lenda de Paschendale A crueldade tem um coração humano Cada homem faz a sua parte O terror das pessoas que matamos O coração humano ainda tem fome Defendo a minha posição pela última vez A arma está preparada enquanto fico na linha Nervoso, espero o soar do assobio Uma investida de sangue e vamos em frente Sangue cai como chuva O seu manto vermelho é revelado novamente O som das armas não pode esconder a vergonha deles E assim nós morremos em Paschendale Desviando-me dos estilhaços e arame farpado A correr na direcção do fogo dos canhões Correndo às cegas enquanto sustenho a respiração Digo uma oração, sinfonia da morte Enquanto atacamos as linhas inimigas Uma explosão de fogo e nós caímos Eu engasgo um grito mas ninguém ouve Sinto o sangue a descer na minha garganta Uma casa, longe Da guerra, uma hipótese de viver novamente Uma casa, longe Mas a guerra, sem hipótese de viver novamente Vejam o meu espírito sob o vento Para lá das linhas, depois da colina Amigos e inimigos vão-se encontrar novamente Todos aqueles que morreram em Paschendale O seu comentário será publicado depois de ser aprovado.
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