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11/15/2021

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Iron Maiden – Paschendale

 
por António Silva
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Oiço histórias de guerra. Conquistas gloriosas em nome da liberdade. Os países, orgulhosos, erguem a bandeira dos direitos humanos, contudo, em simultâneo exibem as suas armas superiores em paradas militares bilionárias. Evocam momentos de heroísmo e patriotismo, nas batalhas grandiosas onde vence aquele que melhor defende a dita liberdade.
Já repararam que depois de uma guerra vem sempre um período de progresso?
Pelo menos até que as trevas regressem novamente… Acreditem, elas regressam sempre, já que a história tem essa mania de se repetir…
De forma irónica, alcançamos a liberdade que temos por causa das guerras que travámos no passado (nós não, os que nelas participaram em nome de um mundo melhor).
E como ficam as pessoas que batalharam nessas guerras heroicas dos livros de história?
Vidas inúteis atiradas como lixo para o entulho do campo de batalha. A palavra morte banalizada em troca da conquista da liberdade. Jovens com sonhos que nunca se concretizaram, assustados nas trincheiras, debaixo de uma chuva de balas e sangue, cientes que o seu destino era morrer.
Nascem heróis, morrem pessoas. Destrói-se a tirania para dar lugar a um mundo onde a paz nunca acontece realmente. Existe sempre um motivo para batalhar. Uma causa superior que mobiliza a vida dos inocentes para a chacina.
Aqueles que escutam as histórias, pouco se importam sobre quem pereceu para que o mundo fosse livre. A guerra parece longe para quem nunca a suportou. Perdida nos livros de história, ou escondida atrás de um ecrã. As vítimas lamentam para os microfones e para as câmaras. Entretêm as massas nos noticiários como se fosse um reality show feito de tragédias.
Mas afinal o que importa a vida de quem não conhecemos?
Como se curam as feridas dos que sobrevivem ao inferno?
Cicatrizes eternas no corpo e na alma, impossíveis de esquecer na sua dor perpétua.
Nas cerimónias emotivas, nos discursos dos políticos, lembram-se as datas das batalhas e toda a glória alcançada. Faz-se um minuto de silêncio por aqueles que nunca conseguiram viver para além do campo de batalha. É só isso. Um esquecimento disfarçado de homenagem, por aqueles que nunca conseguiram voltar a casa, longe da guerra, para conhecerem uma vida onde a paz é verdadeira.
E nós, que valor damos à liberdade que nos ficou de herança?
 
 
 
Iron Maiden – Paschendale
 
Num campo estrangeiro ele está caído
Um soldado solitário, um túmulo desconhecido
Nas suas palavras moribundas ele implora
Contem ao mundo sobre Paschendale
 
Aliviado de tudo porque passou
A última comunhão da sua alma
Ele enferrujou a tuas balas com suas lágrimas
Deixa-me contar-te sobre estes anos
 
Abaixado em uma trincheira cheia de sangue
A matar o tempo até à minha própria morte
Na minha face eu sinto a chuva que cai
Nunca verei os meus amigos novamente
 
Entre o fumo, lama e chumbo
Cheiro o medo e a sensação de terror
Em breve será a hora de passar o muro
Fogo rápido e o fim de todos nós
 
Assobios, gritos e mais rajadas de fogo
Corpos sem vida pendurados no arame farpado
O campo de batalha nada mais é do que um túmulo sangrento
Em breve vou-me juntar aos meus amigos mortos
 
Muitos soldados com dezoito anos
Afogados na lama, sem mais lágrimas
Certamente uma guerra que ninguém pode vencer
A hora da matança está prestes a começar
 
Uma casa, longe
Da guerra, uma hipótese de viver novamente
Uma casa, longe
Mas a guerra, sem hipótese de viver novamente
 
Os corpos, nossos e dos nossos inimigos
Um mar de morte a transbordar
Na terra de ninguém, só Deus sabe
Para as mandíbulas da morte nós vamos
 
Crucificados como numa cruz
As tropas aliadas lamentam as suas perdas
A máquina Alemã de propaganda de guerra
Como nunca ninguém viu
 
Juro que ouvi os anjos a chorarem
Rezo a Deus para que mais ninguém morra
Para que as pessoas saibam a verdade
Contem a lenda de Paschendale
 
A crueldade tem um coração humano
Cada homem faz a sua parte
O terror das pessoas que matamos
O coração humano ainda tem fome
 
Defendo a minha posição pela última vez
A arma está preparada enquanto fico na linha
Nervoso, espero o soar do assobio
Uma investida de sangue e vamos em frente
 
Sangue cai como chuva
O seu manto vermelho é revelado novamente
O som das armas não pode esconder a vergonha deles
E assim nós morremos em Paschendale
 
Desviando-me dos estilhaços e arame farpado
A correr na direcção do fogo dos canhões
Correndo às cegas enquanto sustenho a respiração
Digo uma oração, sinfonia da morte
 
Enquanto atacamos as linhas inimigas
Uma explosão de fogo e nós caímos
Eu engasgo um grito mas ninguém ouve
Sinto o sangue a descer na minha garganta
 
Uma casa, longe
Da guerra, uma hipótese de viver novamente
Uma casa, longe
Mas a guerra, sem hipótese de viver novamente
 
Vejam o meu espírito sob o vento
Para lá das linhas, depois da colina
Amigos e inimigos vão-se encontrar novamente
Todos aqueles que morreram em Paschendale
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