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2/16/2022

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O Maestro (e a Maestrina)

 
por Sissi Mar
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A minha vida mudou quando a reencontrei!
Eu vinha com buracos gigantescos no coração, que ela com toda a maestria remendou e curou com amor. Ela tinha a alma afogada na dor e no desalento que eu, com toda a minha paciência e paixão, enxuguei. Voltei a apaixonar-me e foi ali, naquele moinho sem asas, que ao fim de tanto tempo me tornei o seu maestro e ela a minha maestrina.
Juntos vivemos a mais lamecha e também a mais bonita história de amor e vivemos esse amor como personagens principais no filme da nossa vida.
Adorava a vida simples e gratificante que tinha com ela, como desviar-lhe as melenas brancas do cabelo quando adormecia no meu ombro, ou o simples ato de ela me docilizar a franja grisalha e revolta, e ajeitar-me o cabelo num coque quando lia o meu jornal, ou ainda, rumarmos sem destino só e apenas pelo prazer de estarmos juntos de mãos dadas a ver as estrelas que eu jurava que um dia lhe ia oferecer. Quando nos amávamos, éramos a sinfonia perfeita entre as estrelas do céu e o seu sol radioso numa cama de eterna primavera.
 E estava tão feliz! Até que a vida ma tirou naquele atropelamento sem nexo, e ela levou consigo a batuta da minha existência.
Nesse dia comecei a morrer. Adoeci lentamente num tempo que já não me aquecia a alma…. Um tempo que se começou a apagar com dores constantes e estendidas num mesmo tempo que não lhe achava o fim. E depois recordo-me das palavras da médica que me fitava friamente.
 “É um tumor no cérebro. Inoperável!”
Nunca mais me esqueci da minha sentença de morte. Estava um frio pegajoso, daqueles que se colam à pele como caramelos amargos. As moscas batiam contra o vidro, preguiçosas e estupidas. Perguntei se havia cura…. O seu olhar aquoso desbravava os meus como que a pedir desculpa. As suas mãos ossudas fechavam-se pelo indesculpável.
Estava condenado à morte!
Sem sustentação, a minha dor aumentava na proporção do meu desalento e fui adoecendo cada dia um pouco mais, até hoje não me restar mais nada. Estou vazio e oco. Hoje é o meu último dia e sei-o como as borboletas sabem quando é a Primavera ou quando as folhas das árvores caem no Outono.
Não tenho medo! Sei que ela me espera do outro lado da vida onde vou recolher ao útero cósmico divino, banhado na luz que ela sempre me deu. Lentamente… tão lentamente que o mesmo tempo que me consome terá os ponteiros gastos pela eternidade.
Voltei a ser feliz e parto com a certeza de que fui o Maestro da minha vida, e que por amor fiz dela a minha Maestrina. Renasci e parto nesse amor que me uniu a ela numa partitura perfeitíssima de uma orquestra inacabada!
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