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5/16/2022

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Tic… Tac…

 
por Célia Evaristo
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Tic… Tac… Tic… Tac…
O tempo passa,
Lá terá de passar!
Há quem diga que depressa
E há quem diga devagar.
São segundos e minutos
Sempre pelo relógio a passear…
Não há horas, nem dias
Que o consigam parar.
Tic… Tac… Tic… Tac…
Como quem pede perdão.
As ondas rebentam no mar,
As folhas caem das árvores.
Se o outono já chegou,
O inverno já se sentou.
Tic… Tac… Tic… Tac…
Parece o meu coração
A bater compassadamente
Como se, de repente,
Só se lembrasse de ti.
Bate, bate a saudade,
Com tamanha intensidade.
O mundo para, nada se mexe,
O frio deu o seu lugar ao calor.
Apenas se ouve um “tic, tac”
Que me hipnotizou a alma
E se chama “Amor”!
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5/3/2022

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A Persistência da Memória

 
por Rita Leite
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O tempo estava a passar e eu estava parada. Os relógios pararam comigo. Naquele verão, na costa vicentina, só existíamos eu e o tempo. Mais nada. A natureza estava morta, mas eu existia. Eu e o tempo. Naquele lugar, junto ao mar e às arribas, era-me permitido tudo. Um todo sem fim. Infinito.
Mortos que estávamos, eu e o tempo, permitimos que o ar, a água e a terra se juntassem a nós. Naquele verão, em que o tempo tinha parado e não existia mais nada, permiti-me ser. Estar. É preciso voltar à terra para passar a ser ar. Para criar, rejuvenescer. A presença da água e do céu permitiram-me voltar a casa. Mesmo longe de casa. Voltar a ser eu.
Enquanto o mundo dormia, eu tirei tempo para existir. Não para viver, mas para existir. Precisava de estar morta naquele momento, precisei de aguentar os pulmões sem ar, tal como fazia todas as manhãs em casa, por segundos, nas minhas meditações matinais, procurando um equilíbrio que todos achamos possível achar no meio da cidade.
Mas não achamos.
Naquele verão, no meio de ninguém, num retiro que fora só meu, encontrei o que a mim pertencia. A existência da longuidão de ser. Encontrei a liberdade que existe dentro da prisão. Daquela prisão que somos nós no meio de gente que não conhecemos em cidades que não nos cabem. Encontrei o direito à permanência. O direito de me conservar exangue de vida até o sangue voltar a circular. Até o ar puro voltar a entrar nos pulmões e o espírito rejuvenescer.
No meio das urbes do século XXI, é difícil preservar o ar nos bofes, a água no corpo, o fogo na alma e os pés na terra. Mas ali não. Ali, foi fácil. Depois da adaptação inicial, consegui passar a ser um canguru bebé. Ou uma lontra bebé. Que precisam de sair da bolsa ou do colo da mãe para conseguirem ver o Universo com curiosidade e entusiasmo. Para conseguirem encontrar a vontade de explorar aquilo que ainda não conhecem num cosmos que está ao seu dispor com informações que não são precisas.
Ali, na costa vicentina, no verão de 2019, encontrei a vontade de permanecer com vida, de sobreviver às ameaças do mundo que não conheço. Ou não ouso conhecer. Mas viver é fazer frente aos relógios parados e usá-los a nosso favor. Viver é unir a força das arribas, do mar e dos ventos à essência daquilo que somos e daí retirar energia para continuar. Para sair da bolsa da mãe canguru. Ou do colo da mãe lontra.
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5/2/2022

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A Persistência da Memória

 
por Sissi Mar
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Sentei-me defronte para o quadro que algures, num dia longínquo, a minha mãe pintou. Ela adorava-o.
“Filha, um dia vou pintar este quadro!”, disse-me também num dia de boas memórias em que fomos ao museu. E ali ficou com o olhar perdido no tempo, a reviver as memórias de um futuro que se queria urgente.
Eu era garotinha e agarrava a mão da minha mãe como se naquela urgência dela viver, uma nesga de futuro lhe teimasse em fugir, tal como sempre tudo lhe tinha escorregado do presente, escaqueirando-se nas memórias do passado. Sentia o seu medo… mais um, a acrescentar a tantos. E foi assim também que, num dia de muito calor e sol, a encontrei maravilhada a pintar aquele quadro que tanto amava. Havia algo de singular nessa sua paixão, até atingir a perfeição do movimento e da cor, e eu, absorta, ficava a olhar para as suas mãos delgadas de dedos finos e longos a dar vida àquele que seria o seu último quadro.
“Salvador Dali, filha”, disse-me pintando-me a ponta do nariz numa demostração de carinho, “Lembras-te?”. E via-a sorrir….por fim!
A minha mãe tinha sempre um olhar triste, mesmo quando tudo à sua volta era felicidade. Desse passado, descobri que a sua tristeza fora sempre a causa de um presente impossível de se concretizar, por tantos sonhos que se formaram num passado, e percebi então a sua urgência de futuro, mesmo que imperfeito. Compreendi que a vida lhe tinha fugido quando todos os seus sonhos de outrora se desfizeram uns atrás dos outros. Assimilei que tudo isso a desfez e dilacerou. Então, como que a encerrar um ciclo, passou dias trancada naquele quarto a pintar, retocando inúmeras vezes aquela pomba branca morta, que ela teimava em ressuscitar.
Naquele dia vi, finalmente, a sua alma brilhar e o seu corpo resplandecer.
Quando morreu, foi com essa utopia tantas vezes inglória de se fazer tanto, correr tanto, chorar e desejar tanto, para depois se chegar ao final do tudo sem nada…. Ou nada daquilo com que se sonhou uma vida inteira.
E sem sonhos, numa vida que não lhe permitiu ensaios, a cortina fechou-se e com ela a sua vida apagou-se sem glória. Eu persisto em recordar aquela pomba branca que a minha mãe pintou com tanto esmero e dedicação.
Aproximo-me lentamente da sacada da janela virada para o mar, onde poisa uma pomba branca que me olha curiosa. Sem medos, aproxima-se de mim com os seus olhos curiosos e aninha-se na minha mão em concha. Aconchego-a no meu peito. Sei que encerra o espírito da minha mãe e que os seus olhos pequeninos agarram a vida que em vida lhe fugiu. Escuto um suave marulhar no meu ouvido, que me diz tanto do que talvez ela me quisesse ter dito, e compreendo finalmente escutando o bater do seu pequeno coração que a vida é uma memória que se apaga se a deixarmos escapar, e que persiste quando lhe conseguimos pintar os contornos do futuro. Via-a então partir num bater de asas confiante, de quem tinha acabado de cumprir uma importante missão. Para mim, regressar a essas memórias foi um presente emocionante e de incalculável valor. Daquele dia em diante, foi como se juntasse uma importante peça ao puzzle do que era e do que seria a minha vida!
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