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4/4/2022

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Sonho voador num Portugal alternativo

 
por António Silva
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«Hoje é um dia memorável para a jovem República Portuguesa!». Os jornalistas presentes escutavam as palavras do novo Presidente da República, embora dividissem a atenção com o receio da plataforma onde se encontravam cair, pois ela elevava-se cada vez mais no ar como por magia.
O político, de pose orgulhosa, exibindo o seu bigode perfeitamente enrolado nas pontas, continuou a preferir o discurso triunfante. «Guardem na memória esta data na Primavera de mil novecentos e onze. Provamos, com esta tecnologia, sermos capazes de dominar os céus, tal como já fizemos com os oceanos e é com grande euforia que os convidei para esta viagem inaugural.» Apontou vitorioso para o navio alado, ornado com a bandeira Portuguesa, enquanto este se ia erguendo sempre mais alto.
Fez-se ouvir uma salva de palmas por parte dos convidados rendidos à admiração. O presidente chamou o engenheiro responsável por aquela estranha máquina voadora. Era um rapaz bem vestido, sem qualquer tipo de pelo facial, algo raro naquela época. Mostrava-se envergonhado pelos aplausos. Agradeceu e explicou: «Os meus pares afirmam que motores de combustão são o futuro dos veículos de transporte, mas eu e a minha equipa conseguimos provar o contrário, nós tornamos o motor a vapor muito mais eficiente. Basta uma pequena chama de uma vela, ou mesmo um fósforo, para aquecer toda a caldeira de água. Não precisamos de ocupar espaço com combustíveis, podendo voar durante semanas e até meses. Aquece em pouco tempo e todo o calor gerado é aproveitado, maximizado e utilizado sem desperdício. Vossas excelências podem comprovar por vós mesmos. Por baixo do navio existem bolsas de ar quente fazendo-o subir como um balão. Quando chegarmos à altitude certa, aí sim, os motores vão ser ligados e fazer este magnífico navio alado, a que demos o nome de Dom Afonso Henriques, chegar ao seu destino, do outro lado do Atlântico, no Brasil.»
Os convidados e os jornalistas já começavam a ganhar um certo medo por estarem de pé em cima daquelas estranhas asas triangulares. Para lá de possibilitarem o voo, também serviam de plataforma e de varanda, onde as pessoas apoiadas no corrimão podiam observar o mundo lá em baixo. Indiferente aos receios engenheiro continuou a explicação: «Também, devido ao seu desenho aerodinâmico ele pode planar como uma ave durante centenas de quilómetros, tornando-o impossível cair!» Ouviu-se mais uma grande ovação, sendo interrompida pela voz projectada pelas cornetas de comunicação.
«Senhoras e senhores, daqui fala o capitão. Chegámos à altura limite de segurança exterior e vamos preparar o voo a grande altitude. Pedimos a todos que entrem a bordo.» Eram dezenas as pessoas a passear pelas asas daquela estranha embarcação aérea, com um formato pontiagudo na dianteira. Estavam maravilhadas por pairarem acima da cidade, com os habitantes a olhar para eles lá de baixo, perplexos.
O engenheiro indicou o caminho e, para alívio de muitos, entraram de forma ordeira, ocuparam os seus lugares nos quatro pisos do navio, divididos por áreas de lazer, descanso, suites, gabinetes e simples lugares de passageiros. Com todos já instalados no interior, ouviu-se o vapor a circular nos canos e os potentes motores começaram o seu trabalho, propulsionando a enorme aeronave pelo céu dentro, até chegar acima das nuvens. Os viajantes aproximaram-se das janelas, maravilhados pela paisagem. Era mágico. Assistiam a algo que acreditavam ser impossível. Muitos até julgavam estarem num sonho. Todos, sem excepção, elogiavam aquela máquina revolucionária.
Alguns graduados militares aproximaram-se do engenheiro, propondo, dada a capacidade de voo do navio alado, poder largar bombas sobre qualquer país inimigo a partir daquela altitude. O engenheiro declinou e afirmou: «O objectivo desta criação é unir o mundo e não destruir.»
Mais uma vez o capitão falou pelas cornetas: «A partir daqui vamos continuar a nossa viagem a planar, sem usar os motores, nem mais nenhum tipo de combustível, a não ser água e uma pequena chama acesa. Desfrutem a viagem.»
E assim, o ‘Dom Afonso Henriques’, imponente e seguro, tal como um pássaro totalmente confiante nas suas asas, atravessou o oceano Atlântico, por cima de todos os outros navios que navegavam pelo mar. Portugal voltava a fazer história conquistando desta vez os céus!
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