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10/20/2021

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Texto de António Silva

 
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“Eu tinha de voltar àquela cidade”. Devo começar assim um texto, ou um conto, ou qualquer coisa que se escreva para alguém ler depois (ou ninguém, ou apenas eu sozinho numa viagem ao passado).
Gosto que me dêem uma orientação para que as palavras saiam. Uma ordem imperativa para escrever as emoções, senão, ficam cá dentro acumuladas como lixo. Tenho de escrever como se fosse algum tipo de obrigação religiosa, ou melhor, um exorcismo de demónios que moram cá dentro à espera de que a porta da loucura se abra para o exterior.
Assim foi feito: “Eu tinha de voltar àquela cidade”. Mas afinal a que cidade devo eu voltar? Nem sequer gosto de cidades. Pessoas que andam pelas ruas claustrofóbicas, trânsito aglomerado como um bando de formigas cujo destino é ser apenas mais um número.
Talvez só conheça as cidades erradas e esteja a fazer juízos incorrectos. Ou, talvez, não compreenda quem vive para lá do meu mundinho grandiosamente pequeno. Não interessa, vou continuar a escrever.
Voltar a uma cidade que não conheço, fazer amizade com gente que nunca vi, passear tranquilamente nas avenidas sem que os passos dos outros me incomodem. Parece quase inconcebível.  
Dou por mim, assim, a escrever sobre essa cidade hipotética que só existe na minha fantasia. Sinceramente gostaria de voltar lá. A essa tal cidade, onde nunca estive (e a minha imaginação tem dificuldade em criar). Cheia de gente e apartamentos pequenos, sem quintais, ou ruas quase vazias. Assistir aos programas de entretenimento de domingo à noite e comentar, como se aquilo importasse para alguma coisa.
Mas eu não sou assim. Valem as palavras escritas. Servem de viagem a esse lugar que me pediram para voltar. O homem não é só feito de corpo. A imaginação também conta como um sítio real. Acho que todos os filhos da fantasia sabem disso.
Desta vez apresento uma cidade sem nome, onde mora quem não conheço, com histórias que nunca aconteceram, em que a inquietação se dispersa pelas vielas perdidas no meio dos prédios que não existem. Onde eu gostaria de ter voltado, sem nunca lá ter ido antes.
Pediram para escrever sobre uma cidade e eu escrevi. Mas a realidade é que só escrevi sobre mim e peço desculpa por isso (ou talvez não).
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