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12/22/2021

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Texto de Fernando Morgado

 
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“É pr’acabari! É pr’acabari! Tud’a um êro! Ó dona, é de primeira, tudo roubado, tudo roubado! Venham à Luana que não vos engana!” – a ladainha da Luana ouve-se longe, todas as semanas na feira dos Carvalhos, faça dor ou faça amor, ela lá está na sua banca de sobrevivência a vender o que comprou e a enganar dizendo que tudo foi roubado - ou não seja esse um dos estigmas do povo cigano!
Trusses e cuecas, meias, peúgas e ceroulas, lá pelo meio algumas leggings “pata de camelo”, slips com abertura a meio, fio dental para quem tem dentes, “é o que eu uso” diz ela, e alguns conjuntos “balconette” de fazer corar qualquer gigolô de imitação.
“Ó menina, se quer despir-se melhori, compre à Luana do amori!” Luana, a cigana, despida de pudores e vestida de pecado! Olhos que mordem, mãos que chamam, lábios que latejam nos olhos de quem a vê!
Até o “sinhor guarda” se espanta com a montra da cigana. Qual factura, qual quê, do IVA nem é bom falar, o que toda a gente quer é que a Luana não falte, na feira dos Carvalhos.
Mesmo a Sãozinha “catequista”, a sonsa que vende panos de cozinha como se fossem tremoços, sim, a coitada, também se paspalha em esconjuras beatas a amaldiçoar a rapariga, como se se amaldiçoasse a ela própria por não ter um corpinho igual ao da cigana. O seu homem só usa cuecas de carcela e a “santinha” sempre usou cuecas de gola alta. Que Deus a ajude! Um falhanço, digo eu!
“Ai sinhor guarda c’até me dá os caloris quando o vejo a mirar-me. O seu cassetete é tão grannndi! Ai…leve’mas cuecas todas se quiseri!” – o agente fala com os olhos e os poros, mais aflitos que a língua, mais mordentes que a boca - a camisas toda suada e a testa em camarinhas! Olha em volta à procura de “machezas” escondidas, um qualquer Benício Quaresma que a proteja, um romani jovem que a resgate e a desinquiete, um desmandado arguto que lhe queira “fazer a folha” desde a última vez que lhe deu voz de prisão. Os olhos como faróis, a mão pousada no coldre – a sorte não rima com morte!
“É pr’acabari! É pr’acabari! Tud’a um êro! Um êro – um êro – um êro! É tudo roubado, tudo roubado! O sinhor guarda que o diga, até ele me rôba o coração!”
Não sei quem foi o editor, se o pai ou qualquer outro escultor, Luana é uma deusa. Eu vou sempre à Feira dos Carvalhos! Eu sou um homem de fé!
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