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Eu tinha de voltar àquela cidade. O mais depressa possível.
Fazia-me falta tudo. O ar húmido, mas muito quente. O cheiro a mar misturado com combustíveis e produtos de limpeza de barcos. O som dos pássaros (exóticos, mas exóticos para quem, para mim apenas; para quem ali vive são pássaros tão comuns como uma andorinha o é para nós, europeus do cantinho mais longínquo da Península Ibérica), constante, chamativo, um autêntico alarme para os sentidos. Tinha que voltar. Voltar a sentir a emoção invasora e perturbante da cidade onde não nasci, mas onde estou em casa, onde o meu corpo e a minha alma se sentem abraçados pela terra-mãe. Tinha mesmo. A saudade daquele lugar causava dor. Dor física. Uma respiração que não cabia no peito e às vezes fazia saltar água dos olhos. Ou não. Ou só doía dentro, na cabeça com circuitos inteiros de ausência. Assim meio em forma de explosão atómica, mas com átomos de falta, de perda. Tinha que voltar. Até ouvia chamar o meu nome. Como se aquela cidade falasse. E soubesse o meu nome. Sinto um estremeção súbito e o meu nome mais e mais claramente pronunciado ao meu ouvido. Ouvido? Abro os olhos. À minha frente, a cidade dos meus sonhos olha-me como se tivesse sempre estado à minha espera. Your comment will be posted after it is approved.
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Desafios de escrita criativa
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Novembro 2022
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10/15/2021
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