Texto de Patrícia Silva Pereira

Leitor de Pensamentos
 
Apaixonei-me por ele sem nem sequer trocarmos uma palavra. Eu sei, é realmente estranho, eu não o conheço, mas estou apaixonada. Nem eu sei explicar. Mas ele conhece-me tão bem. Dá-me segurança. Respeita-me. Dá-me os melhores conselhos e até me corrige quando estou errada. E eu não preciso de falar, ele simplesmente sabe.
São os meus olhares. O meu jeito. Os meus gestos. As minhas lágrimas e os meus sorrisos. Até os meus tiques, são as pequenas coisas que lhe revelam os meus pensamentos. Que lhe abrem a minha alma e lhe permitem conhecer-me melhor do que eu me conheço.
Foi através das redes sociais que o conheci, falámos várias vezes, e a verdade é que nos dávamos bem. Gostávamos de falar um com o outro e por incrível que pareça entendíamo-nos. Falávamos sobre tudo, sem tabus, como se nos conhecêssemos desde sempre. Era estranho, mas eu sentia-me bem, segura e não havia nada que tivesse medo de lhe revelar. Acreditava estar ali a tal conexão de almas de que tanto se fala.
Acabámos por marcar um encontro uma semana depois… a química existia. A conexão também, não havia como negar. Estava estampado nos sorrisos bobos que dava a cada mensagem recebida. Eu tinha receio, estava insegura, mas não tinha mais nada a perder, ele já sabia tudo e mais alguma coisa sobre mim.
Tiago era o nome dele, o encontro foi surreal. A troca de olhares falou por si e o nosso primeiro contacto real foi um abraço imediato. Sem hesitações, sem dúvidas. Eu só queria aquele abraço. Aquele toque. Queria senti-lo!
– Calma, eu estou aqui e nunca te vou deixar – disse-me.
E era exatamente esse o medo que me perturbava, perdê-lo depois de o ter encontrado por acaso. No meio de uma pandemia e sem qualquer intenção de me apaixonar. descobri a felicidade no local mais inesperado. Foi genuíno, verdadeiro, foi mais do que um encontro físico foi, um encontro de almas. Foi o sonho a realizar-se. Encontrei nele tudo o que faltava em mim, dois seres imperfeitos que, inexplicavelmente, se completaram. Dois destinos separados pelo espaço, pelo tempo, mas nunca pela vida. Dois livros abertos sem conhecer o leitor, mas ainda assim sem reservas, sem segredos, completamente abertos e disponíveis para aproveitarem o momento.
A pessoa certa no momento certo, sem pontos finais nem vírgulas!