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10/15/2021

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Texto de Raquel Lopes

 
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O Regresso
 
Eu tinha de voltar àquela cidade.
Era a minha primeira vez em Espinho. As opções foram várias, a carteira decidiu o resto.
Juntei meia dúzia de farpelas numa mala e fiz-me à estrada, sem criar expetativas.
Se na primeira impressão me pareceu aborrecida, depressa as surpresas foram surgindo.
Além da facilidade de circulação e limpeza das ruas, o calor humano que se sentia a cada virar de esquina era fantástico.
A maresia entrava pela cidade de mansinho e beijava as pedras da calçada que percorria.
A areia, movida pelas nortadas típicas da zona, picava-me a pele, como se fossem gaivotas a petiscar.
Na estação de comboios, rapazes e raparigas surgiam de todos os lados, em conversas animadas, com bolas de praia ou raquetes a despontar das mochilas. Cheirava a vida por ali.
Faltavam dois dias para partir e senti que o regresso era inevitável.
Ia ter saudades de acordar com o grasnar das gaivotas em busca do peixe, ou de adormecer embalada pela dança das ondas nos molhes.
Antes de partir, fui até à praia dos pescadores. Os homens regressavam a terra, as mulheres em frenesim, organizavam a lota. As redes, carregadas de peixe, eram puxadas no embalo do mar para terra. Ao longe, ouviam-se pregões que anunciavam o peixe. Tudo se reunia por ali para apreciar uma arte tão antiga e feita com tanto afinco: a arte xávega. Eles e elas, de peles queimadas pelo sol e sal, onde as rugas denunciavam as tempestades vividas no mar; no suor a memória de todos os que partiram; nos olhos a esperança; nas lágrimas o alívio a cada regresso.
O mar era o seu sustento, desde que se lembravam ser gente.
A angústia da partida era agora compensada com a certeza de que voltaria, nem que fosse por umas horas.
Há lugares que nos dão colo e aquecem a alma. Aquele era um deles.
De entre as incertezas de que sou feita, uma certeza nasceu: eu tinha de voltar àquela cidade.
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