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Aqui, neste lugar frio e rude, procuro o perdão de Deus!
Vida… Hoje vou desabafar contigo pela última vez e espero que me perdoes! Há quem defenda esta ideia de os criminosos serem condenados à morte. Já me chega a culpa que carrego todos dias por… ah, vida! Durante estes anos só pedi um caderno para escrever, não fosse eu das palavras. O sol toca-me a alma. Cederam-me o pátio da prisão, como é a última vez que apanharei ar. Esta é a última página do quinto diário. Sei que ninguém o vai ler e vão fazer como fizeram com as visitas. A minha mãe ainda cá veio umas poucas vezes e trouxe-me a minha menina…crescida que estás agora! E amanhã, que completas os teus 14 anos, eu… mas olha, filha, quero que fiques com as boas recordações desta mãe que fez escolhas erradas na vida. Quero que saibas que te dei sempre o meu amor. Quero que sejas feliz! Obrigada, vida, pela filha que me deste. Perdoa-me por não ter sido a mãe que desejarias. Nunca tive sorte com os homens! Quando confessei o crime… não senti remorsos! Achei mais que merecido ter disparado aquela arma…era ele ou eu! O distúrbio mental dele tomou conta do mal. Quando descobri que ele me traía…nem pensei duas vezes. Sentia repugnância quando ele vinha com aquelas mãos imundas para cima de mim. Matar-te foi pouco! Os tiros que te dei foram o número das traições que eu sabia (fora aquelas que me passaram ao lado), levaste cinco tiros, que correspondiam às cinco gajas com que andaste enrolado. Nojento! A minha filha nunca me irá perdoar, sabes porquê? Porque para a menina a mãe matou o pai. Ainda mais, apareceu no momento do último disparo. Um horror! E nas notícias? “Mulher mata marido a sangue-frio, à frente da filha de sete anos”. Mostravas aos de fora que eras um bom homem, compravas-me com viagens de barco, eras tão ordinário! Sabias que adorava passear no mar. Chegámos a ir passar uns dias fora e tu envolveste-te com uma mulher que estava sozinha no hotel. Não valias nadinha! Eu apanhei os dois enrolados na piscina em pleno acto. Porco! Os tiros que te dei não foram nada, comparados com o mal que me fizeste. Deveria haver punição a quem traísse! Estarias tu agora aqui no meu lugar e eu a ver-te a morrer. Mas não… matei-te com atitude e hoje faria de novo. Mesmo morto… condenaste-me a esta vida miserável que tive. És tu quem me vai matar. És tu quem… bateram os portões! Chegou a hora… as lágrimas secam-me este rosto frio e seco. Perdoa-me, Vida! Aqui jaz… alguém que morreu com dignidade! (N: 27/02/1942 ; F: 15/02/2008) Your comment will be posted after it is approved.
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Desafios de escrita criativa
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Novembro 2022
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3/2/2022
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