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1/11/2022

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Texto de São Bernardes

 
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Desde muito cedo que a mãe tinha sentido, na sua barriga, aqueles pezinhos minúsculos a saltitarem e a baterem nos seus órgãos internos.
Quando nasceu era uma criança saudável, calminha e muito bem-disposta. Mas assim que começou a andar, nunca mais parou. Pulava, corria, andava e mesmo quando, já cansada, se sentava, os seus pés nunca paravam.
- Os meus pés têm asas – dizia sempre que alguém lhe perguntava porque não ficava sossegado por um bocadinho. – Eles querem voar!
Contudo o momento mágico revelou-se no Natal do ano em que completou os oito anos. Foi nessa altura que a casa do lado foi comprada por um senhor simpático que tinha umas barbas brancas. Falava-se que era um editor, alguém que lia muito e cujo trabalho era pesquisar novos talentos na arte da escrita e publicar os seus livros.
Era simpático, e Pedro, assim se chamava a criança dos pés voadores, gostava dele. Cruzavam-se várias vezes à entrada do prédio e o Sr. Nicolau tinha sempre uma palavra agradável para ele.
Foi numa noite fria em que Pedro já estava deitado, que de repente algo extraordinário aconteceu. Primeiros ouviram-se uns sons soltos, quase parecia um gato a dar umas miadelas nas traseiras do prédio. Mas depois de uma breve pausa, veio um som baixinho que pouco a pouco se elevou nos ares como uma garça em pleno voo. Era triste, melancólico, mas ao mesmo tempo gritava por liberdade, por campos abertos cheios de pequenas flores brilhantes. Elevava-se e tornava-se forte como o mar revolto batendo nas rochas, lançando a espuma no ar, e depois acalmava, morrendo junto à areia brilhante da praia.
Os pés de Pedro ao início ficaram à escuta, mas depois movimentaram-se, autónomos, transportando a criança ao som daquela música que chegava na calada da noite. O som do violino atingiu o menino, invadiu todos os seus sentidos e chegou triunfante à sua alma, e ele, sem saber, dançou, dançou, dançou até cair exausto na sua cama após a última nota se apagar na noite.
Nessa noite, sonhou que voava ao som de violinos, seres alados acompanhavam o seu voo e levavam-no a percorrer vales e montanhas, acompanhou as águias no topo das montanhas geladas e os flamingos que planavam sobre os estuários cheios de outras pequenas aves. Mergulhou na água fria dos mares acompanhando o caminho do salmão que regressava para a desova, com ele subiu o rio, e os seus pés saltavam e mergulhavam nos rápidos do seu caminho até à nascente.
No dia seguinte, Pedro falou no seu sonho aos pais e disse-lhes que queria ser dançarino. Os seus pés rejubilaram, mas o seu pai colocou as mãos na cabeça e pensou “Que falhanço! O meu filho quer transformar a sua vida numa dança.”
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