Contacte-nos
92 7080159
Contacte-nos
LabE | Escrita Criativa
  • Formação
  • Recursos
  • Artigos
  • Clube de Escritores
  • Formação
  • Recursos
  • Artigos
  • Clube de Escritores

Junte-se ao
Clube de Escritores
.

Participe nos desafios de escrita criativa

Quero fazer parte »
Section divider type: triangleAsym -- position: bottom

12/11/2021

0 Comments

Texto de São Bernardes

 
Imagem
Eu nem queria acreditar. Nessa manhã algo deve ter espantado o galo da vizinha, pois nem o seu cantar me acordou como habitualmente.
Levantei-me, meio destrambelhado, já o sol ia bem alto no firmamento quando rapidamente tentei, em vão, recuperar o tempo perdido. Ainda sentia o efeito de ter dormido demais e sonhado muito, quando coloquei os pés fora de casa e me desloquei até ao trabalho.
O dia escoou-se no tempo que lhe é habitual, lento e quente nesse dia. Mas após umas boas horas estava de regresso a casa, feliz pelos momentos que me esperavam no conforto da casa, junto da minha família. Os finais do dia eram simpáticos e acolhedores.
O sol ainda lançava os seus raios sobre o meu para-brisas quando o carro da frente parou repentinamente. Coloquei o pé no travão, no seguimento de um reflexo bem oleado e perguntei-me porque raio parava ele assim no meio da rua.
Foi quando as vi. Eram chamuças enormes, esses pasteis indianos com imensas especiarias recheados de carne, legumes ou mesmo de camarão, bem saborosos por sinal. Passeavam-se pelas ruas, de lá para cá e de cá para lá, bamboleando-se como se estivessem numa passerelle, vaidosas e inchadas, as pessoas trincavam-nas ali mesmo, à frente de qualquer transeunte e elas soltavam imensas gargalhadas como se lhes estivessem a fazer cócegas.
Devia estar a alucinar, nem queria acreditar no que estava a acontecer. Mas era real, uma delas aproximou-se da minha janela e senti de imediato o cheiro a cravinho, gengibre, noz moscada e talvez mesmo coentros. Esfregou-se de encontro ao meu braço e murmurou “dá-me uma trinca, sou bem saborosa”, afastando-se em seguida.
O carro da frente avançou, uma vez que a procissão das chamuças ia passando para trás de nós e eu rapidamente me pus a caminho.
Cheguei a casa e nesse momento lembrei-me que tinha combinado chegar cedo pois iriamos ter uns amigos para jantar connosco. Lena, a minha mulher, estava atarefadíssima e ao ver-me o seu rosto ficou vermelhíssimo de tão irritada que ficou.
- Andaste no petisco com os teus colegas, tresandas a especiarias e esqueceste-te do jantar com o Luis e a Marcela? Ao menos podias ter trazido as chamuças de camarão que te pedi!
Ah, mais chamuças… mas estava a ser perseguido por elas! A minha cara devia ter mostrado o espanto e horror que iam dentro de mim, porque a minha mulher pegou no seu saco do tricot e atirou um novelo de lã na minha direção.
- Ui! – exclamei – Nem acredito que me chicoteaste com um fio de lã.
Nesse momento, o galo da vizinha entoou o seu canto madrugador.
0 Comments

Your comment will be posted after it is approved.


Leave a Reply.

    Desafios de escrita criativa

    Este é o espaço onde publicamos os textos dos membros do Clube de Escritores.

    Quero participar
    Em www.bertrand.pt

    Histórico

    Novembro 2022
    Julho 2022
    Junho 2022
    Maio 2022
    Abril 2022
    Março 2022
    Fevereiro 2022
    Janeiro 2022
    Dezembro 2021
    Novembro 2021
    Outubro 2021
    Novembro 2020
    Outubro 2020
    Setembro 2020
    Agosto 2020
    Julho 2020
    Junho 2020
    Maio 2020
    Abril 2020

    Categorias

    Tudo
    Desafios
    Textos Vencedores

    Feed RSS

labE | Laboratório de Escrita

Juntos escrevemos mais e melhor.