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10/11/2021

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Texto de Sara Neves

 
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Não fosse ter acordado bem-disposta, partia tudo isto à paulada! – foi o primeiro pensamento que escutou na sua ainda curta vida. Estava a entrar na cozinha, onde decorria uma discussão passivo-agressiva entre os pais. Foi com grande estranheza que percebeu que aquela frase não tinha sido dita, mas culpou o facto de ainda não ter engolido o leite morno com açúcar e a torrada como fazia sempre. Foi só impressão minha – pensou ela ainda atarefada com o pequeno-almoço. Era dia de escola e já atrasada foi fazendo as tarefas comuns de todos os dias, embalada pela conversa que se desenrolava. Vestir, tomar o pequeno-almoço, lavar dentes, calçar e enfiar o casaco, pegar na mochila...Ai que nervos, que mulher do piorio! – voltou a ter a mesma estranha sensação. Ela observou a cara de um e de outro. Estavam com as expressões do costume...do género de um esgar, um quase-sorriso e nos olhos aquela expressão a que já estava habituada, um fogo extinto, uma raiva resignada. Estes dois não têm emenda, é o que é, pensou ela. Beijinhos e um “Bom-dia de escola pimpolha”, gritados com uma animação ensaiada. E lá foi ela cheia de pressa no caminho habitual para a escola primária da freguesia. O amigo de longa data vinha a correr para tentar apanhá-la. Elisa! – chamou. Está tão bonita com estas meias às riscas... Elisa estacou. Falaste Tomé? – perguntou muito embaraçada.  O rapaz cora violentamente. Elisa estranha, mas avança. Vamos, antes que toque para dentro! – remata.
Chegados à escola o barulho das conversas rodeia-os e, em paralelo, os pensamentos alheios surgem em catadupa na sua mente. Desesperada tapa os ouvidos, mas não faz qualquer efeito, os miúdos à sua volta continuam a falar dentro da cabeça dela.
Ainda agora comi e já estou cheio de fome...sou mesmo estúpida, esqueci-me do estojo...olha que camisola bonita tem a professora, queria uma igual...estou cheio de sono...se ao menos hoje fosse sábado...amanhã vou à feira popular, mal posso esperar...queria tanto ter asas como as borboletas...
Elisa desata a correr, a correr, a correr, só parando quando chega à mata das traseiras da escola. Ali não há barulho, só o cantarolar dos rouxinóis. Ah, que alívio!
Começa a pensar desenfreada no que se está a passar, como seria tudo aquilo possível. Depois, como que atingida por um relâmpago, relembra a pedrada que o vizinho lhe tinha infligido na véspera. Mesmo em cheio na cabeça, aquele palerma! Será que foi isso que espoletou tudo isto? O que faço eu agora? Desata num pranto, desesperada.
Passam alguns minutos até ser capaz de se acalmar. Elisa limpa os olhos à manga do casaco. Decidida a fazer o que tem de ser feito volta pelo mesmo caminho. Assim nasce Elisa, a ouve pensamentos!
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