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10/19/2021

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Texto de Vânia Silva

 
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Eu tinha de voltar àquela cidade. Mesmo que fosse perigoso, mesmo que desagradasse ao meu pai e ao Henrique, eu tinha de voltar. Era o meu destino e tudo me puxava para lá.
Precisava de saber o que o Eros me tinha deixado, precisava de encerrar essa página da minha vida para poder finalmente seguir em frente. Se não o fizesse, traria para sempre a recordação de um fantasma que me deveria ter despojado, assim como a missão por cumprir que incumbiu ao seu amigo de infância. Não, não podia suportar esse peso sobre os meus ombros, tendo a possibilidade de resolver esta questão.
Parti assim a cavalo, tendo o Dinis como companheiro de viagem. Apesar de um pouco apagado e visivelmente chateado comigo, era bom ter alguém a meu lado naquela jornada. Pelo menos, o Dinis sabia o quanto me era importante voltar à cidade e não me julgava por isso, mesmo que me condenasse por tudo o resto.
Talvez, uma parte dele se recordasse de todos os momentos que passámos juntos no local para onde nos dirigíamos. Talvez sentisse que estávamos a regressar ao passado, a retomar do ponto em que tínhamos ficado. Ou, apenas talvez, essas fossem lembranças minhas, das quais não me conseguia libertar, nem tão pouco abrir mão.
Voltar àquela cidade era abrir feridas antigas, das quais tinha fugido havia vários anos. Era encarar não apenas um, mas uma série de relacionamentos desastrosos, para não falar da fase mais difícil e vergonhosa da minha vida. Algo que queria muito esquecer, mas que volta e meia me atormentava com as suas ferroadas dolorosas.
Chegámos junto ao entardecer, vislumbrando lá em baixo a azáfama do porto que contrastava com os reflexos dourados na água. O cheiro a mar era indiscritível, despertando uma saudade em mim que não me lembrava de existir. Havia algo mais do que dor naquelas recordações. Afinal, aquele tinha sido o meu refúgio durante algum tempo. Percebi, por fim, que o sentimento de fuga estava em mim e não era culpa daquele sítio.
- Por onde queres começar? – Um Dinis preocupado, dirigindo-me a palavra pela primeira vez em várias horas.
O meu rosto deveria transparecer muito mais as minhas emoções do que julgara. Aquela era uma boa pergunta, mas por onde começamos a desenterrar o passado?
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