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12/17/2021

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Texto de Vânia Silva

 
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O suor caía-me em bica pelo rosto, naquele espaço quente e aconchegante. Já há duas horas que se prolongava aquele interrogatório infernal, e ainda não sabia quem tinha sido o miserável, o temível culpado por comer as bolachas de gengibre.
Uma dor atroz perfurou o meu peito só de pensar no seu aroma suave e no seu gosto levemente picante. Aquelas eram as bolachas preferidas do Sr. Bonifácio, que se via agora privado do seu petisco delicioso, que tão generosamente partilhava comigo nos seus raros momentos de bondade. Nem tivera a oportunidade de provar uma sequer, antes daqueles reles vilões se apoderarem de toda a iguaria que tinha vindo diretamente de França. 
- Pela última vez, quem foi? – A paciência estava no limite e sabia que o Sr. Bonifácio concordava comigo, observando toda a minha determinação pela busca da verdade com os seus grandes olhos profundos e amarelos.
– Nós não sabemos, senhor! – gemeu uma das temíveis suspeitas, com o seu laçarote vermelho ameaçando cair do cabelo.
Levantei-me, por fim, já perdendo as estribeiras. Aquilo tinha ido longe demais! Alcancei uma das minhas armas preferidas, sabendo que agora iriam falar. Sacudi violentamente o fio aveludado, caindo sem misericórdia na suspeita desobediente. Ela gemeu com o impacto, subitamente indignada.
- Não acredito que me chicoteaste com um fio de lã! – O seu guincho foi partilhado por todos os suspeitos. Percebi que a verdade estava próxima.
- Pois irei fazer bem pior! – Ameacei. - As vossas gomas serão confiscadas! E esta noite dormirão com uma ervilha debaixo dos vossos colchões!
Perante todo o berreiro que se instalou, o Sr. Bonifácio, na sua imensa misericórdia, levantou-se dignamente, retirando-me a arma letal das mãos. Fiquei paralisado, em completo estado de choque, percebendo que não queria que desse continuidade ao meu plano, enquanto focava toda a sua determinação em enfiar as unhas no novelo de lã, garantindo que não o usaria mais.   
Não queria aceitar aquele desfecho trágico, deixando aqueles brutamontes sem o castigo merecido. Mas sabia que era tarde demais. No fundo do meu ser, tinha a plena consciência de que nada podia ser feito, pois as bolachas de gengibre estavam para sempre perdidas.
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