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2/17/2022

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Uma Espera pela Morte

 
por Cátia Silvestre
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Mais um dia… Nesta cela fria de emoções, penso naquilo mudava naquele dia. Não consigo deslindar o que aconteceu, algo que não fiz e agora pago, pago todos os dias…
Até há cinco anos éramos uma família feliz na maior parte dos dias, sim porque todos temos defeitos e nem tudo eram rosas, dois filhos, uma mulher que sempre fez tudo por nós, organizada, trabalhadora, mas muito autoritária.
Não havia dia que não tivesse algo fora do normal, que ela não reclamasse…
Tínhamos discutido no dia anterior, as discussões do costume, mas nada que fizesse adivinhar o que estava para vir.
Cheguei a casa, do trabalho, e achei estranho que tudo estivesse calmo. Todos os dias chegava e havia barulho, um barulho normal, miúdos aos saltos, a mulher a cozinhar, o dia normal de quem trabalha…
Fiquei preocupado, pensei que alguma coisa de mal tivesse acontecido, percorri todas as divisões em busca de algo estranho, mas nada…
Quando entrei na casa de banho, dei de caras com a mulher deitada no bordo da banheira, nua, sem respirar. Tentei de tudo para que acordasse… Mas já era tarde…
Como os miúdos não estavam e não havia nada fora do lugar, percebi que fora planeado por ela, existia um frasco de comprimidos na mesa de cabeceira do quarto… Vazio!! Não soube o que fazer, entrei em pânico, pedi aos vizinhos que chamassem a polícia. Depois disso, fui levado para o posto, alguém disse que discutíamos muito, perguntaram-me o que tinha feito, disse que não fui eu, estive a trabalhar, não acreditaram...
Insistiram em perguntar se lhe batia, os vizinhos ouviam o barulho das nossas discussões e disseram que eu podia ser violento… mas não, acreditem não fui, nunca fui…
Nunca se dignaram a perguntar o contrário. A sua mulher batia-lhe? Se perguntassem a resposta era outra… Mas ela também já não está cá para se defender…
Fui condenado à pena de morte por homicídio, sem ter tocado em ninguém…
Os dias aqui são passados a olhar pela janela pequena, a pensar nos meus filhos, que ninguém traz para eu ver. Deixei de ter família, aqui não há amigos…
Mas a espera está a terminar, cada vez que penso que vou morrer sem culpa, ou se calhar até tive. A mulher já não andava bem e as discussões eram mais que muitas…
Será que se tivesse visto antes, nada disto teria acontecido? Não vale a pena agora culpar ninguém, ela já não volta e eu dentro em breve vou partir…
Conto os dias, mesmo sabendo que são sempre iguais desde que aqui cheguei, dormir, comer e pensar…
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