É comum ouvirmos dizer que as crianças, atualmente, só querem saber de vídeojogos, telemóveis e televisão. Quantas vezes em nosso próprio benefício?
Tenho verificado, nos workshops que facilito, que algumas crianças vão “empurradas” por pais que ainda se preocupam em proporcionar-lhes atividades lúdico-didáticas. Muitas vezes, um pouco contrariadas porque não gostam de escrever. Outras, vão pelo amor que já dedicam à leitura e à escrita. Não raramente, aprendem que escrever não é uma “seca”, que a criatividade está bem longe de ser uma ferramenta só para artistas, divertem-se, saem felizes, querem voltar. Durante uma hora e meia, esquecem as regras escolares, os dispositivos que os educadores contestam e libertam-se sem pressão. E se, aqueles pais, ao assumirem que o filho “não gosta de escrever”, “não gosta de ler” ou que a atividade “é muito longe” ou "aborrecida", o tivessem privado de fazer estas descobertas e de o ouvir pedir para voltar? Sacrificam-se duas horas e meia dos pais, entre viagens e atividade, para que os filhos abram os horizontes. São menos duas horas e meia na cama, entre tablets, consolas e telemóveis, para descobrir que a verdadeira magia vive dentro de nós. As crianças agarram o que lhes proporcionamos. Se dúvidas tivesse, vi essa mesma transformação nos meus próprios filhos que passaram a apreciar jogos criativos e a escrever mais. No workshop de hoje, na Bertrand do Picoas Plaza, esperávamos seis crianças e vieram dez. Quatro das quais “repetentes”, por vontade própria e com o apoio dos pais. Vejo vontade, prazer, diversão, e talentos a despontar aqui e ali. Vejo pais que se surpreendem quando lhes digo que o filho é criativo, porque na "escola tem dificuldades". E se isto não é bom sinal, então o que será? Vamos refletir sobre a nossa responsabilidade na utilização excessiva dos estímulos eletrónicos?
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Dezembro 2024
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