Doce procrastinação. Quem nunca adiou uma tarefa para se sentar no sofá a ver um filme, com uma manta no colo e um pacote de pipocas na mão? Não é estranho - nem incomum - que troquemos uma tarefa aborrecida por uma que nos dá prazer, mas parece improvável que um escritor apaixonado troque a escrita pela limpeza da banheira. Na realidade, criar um blogue ou escrever um livro são tarefas frequentemente adiadas por escritores com aptidão e vontade. Porque é que acontece? Estas são as seis razões mais comuns.
1 - Falta de tempo Será mesmo falta de tempo? Para quem adora escrever quaisquer cinco minutos deviam ser bons para rabiscar um texto, no entanto a maioria dos escritores trata a procrastinação por tu: é preciso ir ao supermercado, dobrar a roupa, ou mesmo dormir uma sesta. Para se ser escritor não basta ter vontade, é preciso definir e cumprir uma rotina de escrita. Desvendamos, nos pontos seguintes, porque nunca encontra tempo para escrever. 2 - Insegurança A urgência repentina que sentiu de comprar um pacote de leite não passa de autossabotagem. Talvez nem se importe de beber um copo de sumo natural ao pequeno-almoço, mas no momento em que pensou em sentar-se para escrever, o pacote de leite pareceu-lhe mais valioso que a própria vida. Se procurar no fundo das prateleiras da sua mente não vai encontrar leite, mas encontrará o medo da página em branco, o medo de não ter a técnica necessária para estruturar a história, o medo de sofrer um bloqueio criativo. Temos algo para lhe dizer: até os escritores mais experientes passam horas a olhar para uma folha branca; a técnica estuda-se; os bloqueios enfrentam-se. O seu livro não se vai escrever sozinho. “Os dias começaram a arrastar-se como lesmas, passava-os sentado à mesa, de caneta na mão, a olhar o papel vazio numa paciência imóvel que me doía (…)” António Lobo Antunes, in Visão 3 - Medo do julgamento Acreditar que os outros vão detestar a sua escrita pode ser aterrador, mas não passa de uma crença limitadora. Claro que existirá sempre quem goste e quem não goste do que escreve, assim como existe quem, inacreditavelmente, não goste de chocolate. Querer agradar a todos é utópico. Concentre-se em conquistar alguns leitores fiéis, não em brilhar no firmamento mundial ou em arrebanhar o Nobel da Literatura. Lembre-se do Nobel José Saramago: uns gostam, outros detestam. 4 - Medo da concorrência Não tema os outros escritores, existem leitores para todos. Tema os meios audiovisuais, pois esses são a verdadeira concorrência do livro. Vivemos a era do vício nos estímulos sensoriais, no imediato, nas mensagens mastigadas e prontas a engolir. Se lhe parece impossível que a literatura possa competir com as séries televisivas, as redes sociais e os videojogos, saiba que não é bem assim. Já ouviu falar em Storytelling? A formação sobre a arte de contar histórias é obrigatória para todos os que procuram captar e manter a atenção do leitor. 5 – Não encontrou a sua história Procure-a. Doeu? Olhe à sua volta neste momento: chegue-se à janela, veja a pessoa que está ao seu lado, leia as notícias na internet, entre dentro de si e dos outros. Melhor ainda, não olhe, observe. Questione o mundo, aponte histórias extraordinárias. Existem quatro coisas essenciais para um escritor: ler, escrever, observar e tirar algum tempo para deixar o pensamento divagar. Se decidir procrastinar, deite-se numa cama de rede e deixe que a preguiça jogue a seu favor. 6 - Stress Este é o único motivo que nos obriga a dar o braço a torcer. Se está a passar por uma fase de problemas pessoais graves, de muita pressão ou cansaço, priorize a saúde emocional. Use a escrita como ferramenta terapêutica, se assim o entender, mas não se imponha uma rotina rígida. Escreva poesia, desabafos, um diário. Há momentos em que bastam as imposições da vida e é mesmo preciso parar. Adiar projetos não é desistir deles. Ainda aí está? Feche esta página e comece a escrever.
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Escritor que se preze vive em busca de ideias para boas histórias. A verdade é que estamos rodeados delas, mas não treinámos a nossa mente para captar os segundos de encantamento que impulsionarão um enredo vencedor: a notícia que acabámos de ler sobre o aquecimento global, o diálogo que ouvimos entre duas senhoras cultas, ou o cão perneta da vizinha do 6º A. Da observação mais simples nascem as melhores histórias, quer apostar? E se o aquecimento global fosse uma forma de repor a ordem natural das coisas? E se uma das senhoras cultas tivesse acabado de matar o marido? E se o cão perneta da sua vizinha fosse a reencarnação do Saci? Talvez estas premissas não sejam para levar a sério, mas um brainstorming absurdo consigo mesmo pode resultar em grandes epifanias. Como em qualquer outro ofício, o segredo reside no treino. Predispor o cérebro para encontrar ideias é um trabalho diário e, arriscamos, divertido. Se depois de ler estes parágrafos teve o seu momento eureka, recomendamos que continue a leitura. Dizemos-lhe quais são os cinco estágios de verificação da história, aqueles que vão validar a qualidade da sua ideia. 1. A sua história deve ser concreta Todas as histórias devem resultar em prazer físico ou mental (não, não é nada disso que está a pensar). Como se sente quando assiste a um espetáculo de fogo-de-artifício? Pisca os olhos de emoção? Assim devem ser as histórias. 2. A sua história deve ser palpável Para além da sensação de tocar no livro ou no leitor de e-books, ofereça ao leitor a impressão clara de que ele poderia vivenciar ou experimentar a sua história. 3. A sua história deve ser mensurável Tudo o que é palpável pode ser medido, ou seja, a sua história deve ter um final e esse final deve ser satisfatório, caso contrário o enredo perderá o interesse. Lembre-se de que final satisfatório não significa final feliz, e de que todas as histórias têm princípio, meio e fim. 4. A sua história deve ser memorável Se teve uma ideia para escrever uma história brilhante, certifique-se de que ela terá hipótese de se perpetuar na memória dos leitores. Há livros que nunca esquecerá, e é isso que quer que o seu livro seja: inesquecível. 5. A sua história deve ser transformadora Para si a para o leitor. Produzir uma história que causa empatia favorece a libertação de endorfinas. Endorfinas fazem as pessoas felizes. Se o leitor se sentir amado - por mais estranho que isso pareça - escreveu uma boa história. O seu enredo não passa nestes cinco requisitos? Melhore-o ou descarte-o. E não se esqueça de que todas as histórias devem ter um propósito, no entanto o nosso conselho é que não se apoie nesta afirmação para veicular lições de moral. O seu leitor não vai gostar disso. Se este artigo lhe foi útil, partilhe-o nas redes sociais. Outros escritores vão agradecer. Não existe ninguém melhor para te aconselhar do que aqueles que já calcorrearam um longo caminho na escrita. Reunimos alguns conselhos de escritores conceituados, que te podem ajudar a escrever mais e melhor. "Escreva livremente e o mais rápido possível, colocando tudo no papel. Nunca corrija ou reescreva até que tudo esteja concluído. Reescrever é um processo que geralmente culmina numa desculpa para não continuar. Também interfere no ritmo, que só surge com algum tipo de associação inconsciente com o material." - John Steinbeck "O melhor conselho que tenho a dar não é que escreva sobre o que conhece, é que escreva o que gosta. Escreva o tipo de história de que mais gosta – escreva a história que quer ler. O mesmo princípio se aplica à sua vida e carreira: sempre que estiver perdido sobre o que fazer em seguida, pergunte-se: ‘o que faria disto uma história melhor´?" - Austin Kleon “O principal a lembrar quando estiver a escrever um livro, é permanecer fiel às personagens”. - Cassandra Clare "Escrever ainda é fundamentalmente uma questão de trabalho, trabalho, trabalho. O escritor bom é aquele que trabalha as coisas o suficiente. Porque as primeiras versões são sempre más, vêm à primeira vez: é uma questão de trabalhar sobre aquilo. " - António Lobo Antunes "Vive antes de tentares escrever. Um escritor sem "mundo" é como um carro sem motor, só tem carapaça. A vida é mais importante do que a escrita e só se pode escrever quando, de certa maneira, viver se transformou em "ter vivido"." - João Tordo “Um escritor gasta a maior parte do tempo lendo para escrever. Um homem deve consumir meia biblioteca para gerar um livro.” - Stephen King "Escreve com a seriedade profunda de quem alcança o melhor de si mesmo e não propriamente com aquele sonho mais imediato de ter um livro nas prateleiras. O sonho deve ser efetivamente o de ter um texto com o qual nos possamos identificar sem vergonha." - Valter Hugo Mãe "Escrever é uma profissão. Tem de se escrever sempre. Também é preciso ler muito e ter muita paciência. Nada sai bem logo à primeira. É preciso deitar muita coisa fora até se encontrar o que a gente quer. Ter jeitinho, ajuda. Não ter pressa ajuda muito." - Alice Vieira "Se escrever apenas quando estiver inspirado, poderá tornar-se um bom poeta, mas nunca se tornará um romancista." - Neil Gaiman "Não use palavras exageradas demais para o assunto. Não utilize “infinitamente” quando deseja dizer “muito”, caso contrário você não terá nenhuma palavra à altura quando você quiser falar sobre algo realmente infinito." - C.S. Lewis
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Dezembro 2024
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